A coligação de direita e extrema-direita italiana liderada pelo FdI (Irmãos de Itália) de Giorgia Meloni, que reúne Liga, de Matteo Salvini, e o partido conservador Força Italia, de Silvio Berlusconi, obteve 43% dos votos das legislativas, realizadas este domingo, o que já causou inúmeras reações nacionais e internacionais.
O bloco de centro-esquerda, liderado pelo Partido Democrático, de Enrico Letta, deverá obter 26% dos votos, segundo as últimas estimativas.
Assim, recorrendo à rede social Twitter, logo pela manhã o primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, uma das vozes mais à direita na Europa, parabenizou a nova líder italiana.
Congratulations @GiorgiaMeloni!
— Mateusz Morawiecki (@MorawieckiM) September 25, 2022
Da mesma forma, Jordan Bardella, eurodeputado e presidente interino do partido francês União Nacional, liderado por Marine Le Pen, sublinhou que "o povo italiano deu uma lição de humildade à União Europeia que, pela voz da senhora Von Der Leyen, procurou impor-lhes o seu voto".
"Nenhuma ameaça de qualquer tipo pode parar a democracia: o povo europeu está a levantar a cabeça e a tomar o seu destino nas suas mãos", acrescentou.
Les Italiens ont offert une leçon d’humilité à l’Union européenne qui, par la voix de Mme Von Der Leyen, prétendait leur dicter leur vote.
— Jordan Bardella (@J_Bardella) September 25, 2022
Aucune menace d’aucune sorte ne peut arrêter la démocratie : les peuples d’Europe relèvent la tête et reprennent leur destin en main ! 🇫🇷🇮🇹
Já Balazs Orban, o diretor político do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban, incluiu todos os vitoriosos na sua menção pública, afirmando, também no Twtter: "Parabéns a Giorgia Meloni, Matteo Salvini e Silvio Berlusconi (líder do Forza Italia) pelas eleições de hoje! Nestes tempos difíceis, precisamos mais do que nunca de amigos que partilhem uma visão e abordagem comuns aos desafios da Europa. Vida longa à amizade entre a Hungria e Itália!".
🇮🇹Congratulations @GiorgiaMeloni, @matteosalvinimi, @berlusconi on the elections today! In these difficult times, we need more than ever friends who share a common vision and approach to Europe's challenges.
— Balázs Orbán (@BalazsOrban_HU) September 25, 2022
🇭🇺🤝🇮🇹Long live the Hungarian-Italian friendship! pic.twitter.com/4PN2ZDEJoZ
Santiago Abascal, líder do Vox espanhol, também não deixou de felicitar os grandes vencedores sublinhando que "Giorgia Meloni mostrou o caminho para que uma Europa orgulhosa e livre de nações soberanas possa cooperar para a segurança e a prosperidade de todos".
Esta noche millones de europeos tienen sus esperanzas puestas en Italia.@GiorgiaMeloni ha mostrado el camino para una Europa orgullosa, libre y de naciones soberanas, capaces de cooperar para la seguridad y la prosperidad de todos.
— Santiago Abascal 🇪🇸 (@Santi_ABASCAL) September 25, 2022
Avanti @fratelliditalia pic.twitter.com/3bnVFA2B74
E Marine Le Pen, a polémica representante da extrema-direita francesa referiu que "o povo italiano decidiu tomar o seu destino nas mãos de um governo patriótico e soberano. Parabéns a Giorgia Meloni e (líder da Liga) Matteo Salvini por terem resistido às ameaças de uma União Europeia antidemocrática e arrogante conquistando esta grande vitória".
Le peuple italien a décidé de reprendre son destin en main en élisant un gouvernement patriote et souverainiste.
— Marine Le Pen (@MLP_officiel) September 26, 2022
Bravo à @GiorgiaMeloni et à @matteosalvinimi pour avoir résisté aux menaces d’une Union européenne anti-démocratique et arrogante en obtenant cette grande victoire !
Também em França, mas num polo oposto, a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, disse que o Governo de Paris vai estar "atento" no que diz respeito aos direitos humanos e ao direito ao aborto em Itália.
"É evidente que estaremos atentos, com a presidente da Comissão Europeia (Ursula von der Leyen), para que os direitos humanos, o respeito mútuo e em particular o respeito pelo direito ao aborto, sejam respeitados por todos", disse Borne, em declarações à cadeia de televisão BFMTV.
Em casa, ainda no início da noite eleitora já Matteo Salvini agradecia a grande vitória apontando para uma "clara vantagem tanto na Câmara quanto no Senado".
Centrodestra in netto vantaggio sia alla Camera che al Senato!
— Matteo Salvini (@matteosalvinimi) September 25, 2022
Sarà una lunga notte, ma già ora vi voglio dire GRAZIE️
Já a própria vencedora garantiu que o partido irá governar "para todos" e "para que os italianos se possam orgulhar de ser italianos", disse ainda que "os italianos enviaram uma mensagem clara de apoio a um governo de direita liderado".
"Estamos seguros de que estes ventos de mudança irão chegar a Portugal"
Por cá, existem também algumas reações a começar pelo líder do partido mais à direita com assento parlamentar Chega, André Ventura, que refere em comunicado: "Estamos seguros de que estes ventos de mudança irão chegar a Portugal e que também os portugueses terão direito a virar a página e eleger quem seja capaz de defender os seus interesses".
Disse ainda que "os resultados obtidos por Giorgia Meloni e Matteo Salvini nas eleições italianas abrem caminho a uma verdadeira mudança de políticas em Itália e, ao mesmo tempo, a uma reconfiguração política da Europa".
Também no campo da direita portuguesa, o comentador Paulo Portas apontou, no seu espaço de comentário da CNN Portugal, este domingo, antes de se saber o resultado, que o resultado das eleições italianas trará "substanciais diferenças" para o governo do país. "Ganhe quem ganhar, a Itália poderá ter o primeiro primeiro-ministro diretamente eleito nos últimos onze anos", acrescentou.
Voltando ao Twitter, o antigo ministro do PSD, Miguel Poiares Maduro aproveitou o momento para criar todo um debate na rede social referindo que "em Itália o centro-esquerdo é a democracia-cristã… Tudo é relativo. Em Portugal dizem que nem existe extrema esquerda e que o Putin afinal é de direita. A auto-definição não ficou pelo género e chegou também aos partidos políticos…".
Bem, em Itália o centro-esquerdo é a democracia-cristã… Tudo é relativo. Em Portugal dizem que nem existe extrema esquerda e que o Putin afinal é de direita. A auto-definição não ficou pelo género e chegou também aos partidos políticos…
— Miguel Poiares Maduro (@MaduroPoiares) September 25, 2022
Depois disto, a deputada socialista Isabel Moreira aproveitou o momento para a critica às comparações e referiu que "depois de vermos uma Itália envenenada, por cá há quem insista em normalizar a extrema-direita fazendo a desonesta simetria entre o Chega e BE/ PCP".
Depois de vermos uma Itália envenenada, por cá há quem insista em normalizar a extrema-direita fazendo a desonesta simetria entre o ch e BE/ PCP.
— Isabel Moreira (@IsabelLMMoreira) September 26, 2022
Ainda aqui, a líder do PAN, Inês de Sousa Real, realça que: "o resultado eleitoral em Itália é mais um dia triste na história da democracia da Europa e deve consciencializar para o perigo da normalização de forças políticas da extrema-direita". "As respostas para os problemas que enfrentamos não estão no populismo. Vivemos tempos complexos", acrescenta.
O resultado eleitoral em Itália é mais um dia triste na história da democracia da Europa e deve consciencializar para o perigo da normalização de forças políticas da extrema-direita.
— Inês de Sousa Real (@lnes_Sousa_Real) September 26, 2022
As respostas para os problemas que enfrentamos não estão no populismo.
Vivemos tempos complexos.
Por fim, do mais alto representante da nação, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, a única reação que temos foi em curtas declarações aos jornalistas num encontro com emigrantes e lusodescendentes em Gustine, na Califórnia, onde sublinhou que espera o "retrato final da situação".
Expressou ainda que "Itália é muito importante porque independentemente do juízo sobre o resultado, que eu não posso formular como Presidente da República é uma das grandes nações europeias, das grandes economias europeias. E neste momento muito sensível é fundamental, além do mais, a estabilidade nas grandes economias europeias".
Recorde-se que mais de 50 milhões de italianos foram no domingo chamados a votar nas eleições legislativas italianas em que, devido à pulverização partidária, nenhum partido deverá obter uma maioria suficiente para governar sozinho.
Os partidos da direita e extrema-direita fizeram um acordo de coligação que está a conduzir Giorgia Meloni ao poder e a tornar-se na primeira mulher primeira-ministra de Itália.
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