O primeiro-ministro caracterizou hoje o encontro que teve de mais de três horas e meia com o presidente do PSD como "uma conversa bastante agradável" e "seguramente produtiva", na qual falaram de vários temas, entre os quais do novo aeroporto.

Em declarações aos jornalistas nos jardins de São Bento, no final do encontro, António Costa prometeu que, quanto à futura solução aeroportuária para a região de Lisboa, haverá "muito em breve" uma nova conversa entre ambos.

"Não estivemos propriamente a negociar, cada um esteve a dar ao outro a informação de que dispõe", explicou. "O dr. Montenegro teve a amabilidade de me transmitir qual é o processo interno no PSD para também debaterem esta matéria."

Ao fim de um encontro de mais de três horas, o chefe de Governo referiu também que o aeroporto foi apenas "uma pequena parte da conversa" e que o líder da oposição está "naturalmente a fazer audições no âmbito do PSD para se atualizar sobre o tema".

Todos temos consciência da urgência de tomarmos uma decisão, mas que obviamente não pode ser uma decisão apressada e é normal que, como líder do PSD que agora entrou em funções, [Montenegro] queira recolher o máximo de informações possível para podermos avançar", asservou.

Costa referiu que esta é, para si, uma matéria onde é importante que haja acordo, já que se trata de uma grande infraestrutura, cujas obras "duram para séculos ou pelo menos para décadas". Além disso, "dificilmente começam e acabam numa legislatura" e o país "não pode estar sempre a mudar de posição" sobre o assunto.

É um tema sobre o qual acho muito importante que haja acordo, não sei se vai haver", afirmou.

"Foi uma conversa bastante agradável, a primeira de várias", sintetizou, justificando que foi "mais longa porque foi a primeira conversa" que ambos tiveram nas suas "novas qualidades", enquanto Primeiro-ministro e líder da oposição".

O encontro terá servido também para passar "uma vista geral" sobre as perspetivas do país e as prioridades em matéria europeia, de defesa ou política externa.

Perante os jornalistas, António Costa explicou que foram estabelecidas "metodologias de trabalho" e "novos pontos de contacto", além de falar de "temas que estão para decisão".

"Felizmente, em Portugal, há uma grande estabilidade em tudo o que tem a ver com a política externa, relações com a União Europeia e questões relativas à defesa nacional", fez notar, assegurando que nessas áreas "não há nenhuma divergência".

Costa não se aflige com críticas. "É como um jogador de futebol achar que em campo não vai levar caneladas"

Apesar de a conversa ter sido "interessante", "há necessariamente pontos de divergência normais e que são saudáveis em democracia", explica o chefe de Governo, já que são essas que "justificam a existência de pluralismo partidário".

"É normal em democracia que os partidos construam alternativas que apresentem aos portugueses, e acho que essa é uma das grandes riquezas da nossa democracia", considerou. "Compete aos dois principais partidos contruirem os melhores caminhos para apresentarem aos portugueses."

Costa assume que "vamos ter vários anos de estabilidade política, o que é bom e dá tempo também à oposição para construir a sua alternativa e em outubro de 2026, os portugueses escolherem".

Questionado, por fim, sobre as críticas que Luís Montenegro lhe dirigiu esta semana, acusando-o de "folclore político", o chefe do Executivo respondeu que "a retórica política faz parte da vida".

"Quem se aflige com as críticas que os adversários políticos lhe dirigem, é melhor mudar de vida. É como um jogador de futebol achar que em campo não vai levar caneladas", concluiu.

[Notícia atualizada às 15h26]

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