A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, acusou, esta segunda-feira, o Governo de permanecer “inativo” face à crise, nomeadamente no que diz respeito aos aumentos salariais e à escalada da inflação.
“Ao contrário de outros países, em que se estão a discutir medidas como atualizações extraordinárias dos salários à inflação, ou como o taxar os lucros caídos do céu, o Governo português mantém-se absolutamente inativo”, começou por apontar a líder bloquista, no seu discurso de encerramento da Universidade de Verão da Esquerda Europeia, em Aveiro.
“[O Governo] Nem atualiza salários, nem taxa lucros caídos do céu, o que quer dizer que a inflação continua e continuará a comer os salários em Portugal”, acrescentou.
Desta forma, Catarina Martins apresentou a Esquerda “transformadora” como um “projeto alternativo”.
“É por isso preciso um voz clara, de exigência, pela dignidade de quem trabalha, para (...) [travar] esta crise da inflação - que nos dizem que foi provocada pela guerra, mas sabemos que começou antes da guerra e sabemos que está a encher de milhões os bolsos de alguns - para a travar é preciso a força transformadora da Esquerda, porque só ela tem um projeto alternativo”, defendeu.
A líder do Bloco de Esquerda acabou ainda por abordar a mais recente investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação: Uber Files. O trabalho revela que a empresa norte-americana concebeu uma estratégia de expansão que recorreu a lóbi político junto de governos, mas também a formas ilícitas para ludibriar autoridades.
Catarina Martins defendeu que são necessários contratos de trabalho para os trabalhadores de plataformas digitais.
“Nós, em Portugal, lutámos muito para que assim fosse, a Uber tem de contratar os seus trabalhadores e pagar a Segurança Social em Portugal, porque o trabalho da Uber não é feito por um algoritmo, é mesmo feito por pessoas”, comentou.
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