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Ana Gomes lamenta opção de Eduardo dos Santos por "esquema cleptocrático"

A ex-embaixadora Ana Gomes considerou hoje que José Eduardo dos Santos chegou a ser "uma promessa de transição para a democracia" em Angola, mas optou pelo "desenvolvimento de uma cleptocracia a favor de uma elite".

Ana Gomes lamenta opção de Eduardo dos Santos por "esquema cleptocrático"
Notícias ao Minuto

16:11 - 08/07/22 por Lusa

Política José Eduardo dos Santos

"José Eduardo dos Santos chegou a ser uma promessa de transição para a democracia e tornar uma Angola mais desenvolvida e mais justa, mas essa promessa esboroou rapidamente", disse à Lusa a ex-candidata à Presidência da República Portuguesa, no dia em que o antigo presidente angolano morreu.

Ana Gomes afirmou que essa promessa ocorreu com o fim da guerra em 2002, "mas sob o regime do todo-poderoso José Eduardo dos Santos, ele optou por aquilo a que eles justificavam como uma acumulação primitiva de capital e pelo desenvolvimento de uma cleptocracia em favor de uma elite que inclui a sua família e os seus mais próximos contra o povo deixado na miséria".

A antiga deputada socialista lamentou também que esse processo "de suposta transição para a democracia que se esboroou" tenha tido "a cumplicidade de muitos responsáveis políticos portugueses, que ajudaram a contribuir para essa farsa, ao mesmo tempo que beneficiavam dos efeitos económicos de prestar" Portugal "a tornar-se na principal lavandaria para essa cleptocracia angolana".

"Também Portugal acabou por ser contaminado por esse esquema cleptocrático, que começou desde logo por controlar os grupos de 'media' portugueses porque sabiam da sua importância para a informação que é passada para Angola", precisou.

A ex-embaixadora sublinhou que, apesar de momentos de grande dureza, as relações entre o povo angolano e português "são intensas e de irmandade".

Ana Gomes sustentou igualmente que "o que José Eduardo dos Santos instaurou em Angola impediu" que este país tenha desenvolvido o seu potencial.

"É um país que podia ser uma força estabilizadora geopoliticamente para a África, mas é um gigante com peso de barro, não desenvolveu a agricultura, a pesca, a base industrial e ficou tudo dependente da maldição do petróleo que é obviamente a fonte da renda que alimenta a cleptocracia", frisou.

Ana Gomes disse ainda esperar que a morte de José Eduardo dos Santos "traga paz a Angola" e que "não cause mais tensão num período em que as tensões naturalmente se acumulam, visto que em agosto haverá as chamadas eleições".

José Eduardo dos Santos morreu hoje aos 79 anos numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento, anunciou a presidência angolana, que decretou cindo dias de luto nacional.

José Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola em 1979 e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo, marcada por acusações de corrupção e nepotismo.

Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975.

Leia Também: "Líder ímpar": Presidente da Guiné-Bissau sobre Eduardo dos Santos

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