Passos Coelho apoiado e contestado em visita à Feira do Folar
O primeiro-ministro visitou hoje a Feira do Folar, em Valpaços, onde entre os muitos apoiantes, se deparou com algumas pessoas que lhe mostraram cartões vermelhos e gritaram palavras de ordem contra as atuais políticas de austeridade.
© LUSA
Política Valpaços
No recinto da feira, enquanto uns gritavam "fascista", outros mostravam o apoio ao governante chamando "Passos, Passos".
O primeiro-ministro seguiu indiferente às críticas e foi parando para cumprimentar os feirantes e os visitantes.
O certame, que termina no domingo, gera um volume de negócios de cerca de 1,5 milhões de euros entre a restauração, hotelaria, comércio local e os produtores, padarias ou particulares, que confecionam o folar, que marca presença obrigatória em praticamente todos os lares transmontanos durante a celebração da Páscoa.
É uma espécie de bolo, mas salgado, que é feito com farinha, ovos e azeite, presunto, salpicão, linguiça e carnes de porco.
O presidente da Câmara de Valpaços, Amílcar Almeida, referiu que a certificação do Folar de Valpaços, processo que se arrasta há anos, está "a um passo de ser conseguida".
"O caderno de especificações encontra-se no Ministério da Agricultura e aguarda unicamente por publicação", frisou.
Amílcar Almeida vê na certificação do folar uma mais-valia para "quem produz e para quem consome", na medida em que assegura a qualidade do produto.
Esta feira é uma oportunidade única para que muitos produtores arranjem clientela para vender o folar o ano inteiro e não apenas na época da Páscoa.
O folar é o cabeça de cartaz do evento, mas no recinto encontram-se ainda à venda um outro produto típico da região, o bolo podre.
A família de Dulce Alcoforado, de Santa Maria de Émeres, concelho de Valpaços, está apostada em dinamizar o bolo podre, ou os dormidos, como eram conhecidos antigamente, porque, como não havia fermento, a massa tinha de ficar a levedar durante a noite, junto ao borralho da fogueira.
Foi por causa deste processo e do chá de canela, que lhe davam uma cor escura, que passou a ser conhecido por podre.
A filha, Ana Cristina, diz que se trata de um bolo "secular". A produtora não revela o segredo, mas adianta que é amassado à mão, cozido em forno de lenha de giestas, processo que é acompanhado de rezas e de gargalhadas.
"É uma tradição que se faz quando se mete no forno É isso que lhe dá o aspeto arreganhado", acredita Ana Cristina.
No recinto da feira estão espalhados cerca de 100 expositores e a organização prevê a visita de cerca de 100 mil pessoas.
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