"O processo que está a ocorrer em Paços de Ferreira para o resgate da concessão da água é muito importante para Paços de Ferreira e para todo o país. Lembramos como, há uns anos, Paços de Ferreira [distrito do Porto] tinha a água mais cara do país. Esse problema, embora mitigado, ainda não está inteiramente resolvido", afirmou.

Falando aos jornalistas depois de se ter reunido, nos Paços do Concelho, com o presidente da câmara, Humberto Brito (PS), a dirigente do Bloco considerou haver naquele concelho "um problema da concessão da água, que foi feita por uma autarquia do PSD, ter servido para uma série de negócios com empresas que não têm nada a ver com a água".

Recentemente, a Câmara de Paços de Ferreira anunciou que iria rescindir o contrato da concessão da água por justa causa.

O município alega que a concessionária Águas de Paços de Ferreira praticou irregularidades "ao transacionar para fundos de investimento" a concessão, sem que a autarquia fosse ouvida.

Catarina Martins referiu hoje que, neste momento, a concessão "está nas mãos de um fundo abutre, a Água de Paços de Ferreira, e estão os munícipes a pagar o que não têm de pagar".

"Nós achamos que a autarquia de Paços de Ferreira tem toda a razão ao querer reverter esta situação e deve ter mais apoio do que tem tido do Governo e do parlamento", afirmou.

Assinalou, por outro lado, tratar-se de "um problema para quem paga mais pela água" e "um problema de democracia básico, porque a água é um bem essencial e não pode estar na mão de fundos abutres".

Aos jornalistas, a dirigente do BE recordou que, "com o acordo do Bloco de Esquerda, em 2019, foi previsto [haver] fundos para as autarquias poderem ter apoio à reversão dos processos de concessão, mas [o problema] ainda não está resolvido".

"Nós apresentámos hoje um projeto-lei na Assembleia da República para que seja criado um programa de apoio à reversão das concessões", informou, referindo esperar o apoio do PS no parlamento.

"Eu não percebo que o Partido Socialista faça outra coia que não aprovar, porque seria contrário a tudo o que tem vindo a dizer", anotou Catarina Martins.

Recordou, a propósito, que "os processos de concessão da água estão a acontecer um pouco por toda a Europa, porque, reforçou aos jornalistas, por toda a Europa se percebeu que é um erro e um perigo entregar nas mãos de privados a concessão da água".

Recordando haver outros litígios a propósito de concessões, como Marco de Canaveses, Paredes e Barcelos, referiu que "cada processo tem litígios específicos sobre o que acontece", mas, exclamou, "há um problema de base, que é a água ser um bem essencial". 

"A água não pode ser para jogar com o lucro, é um bem essencial que tem de estar nas mãos do povo e o povo vota é nas autarquias. Portanto, têm de ser os concelhos a deterem a água", concluiu.

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