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"O poder da Ucrânia está a agredir o seu próprio povo", acusa o PCP

Declarações da líder parlamentar do PCP, Paula Santos, após o discurso do presidente da Ucrânia no Parlamento português.

"O poder da Ucrânia está a agredir o seu próprio povo", acusa o PCP
Notícias ao Minuto

18:31 - 21/04/22 por Ema Gil Pires

Política Rússia/Ucrânia

A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, criticou esta quinta-feira o facto do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ter evocado a data histórica do 25 de Abril durante o seu discurso, por videoconferência, no Parlamento português. "É um insulto esta declaração que faz referência ao 25 de Abril", disse a deputada.

Isto porque, na perspetiva do partido, a "revolução de Abril foi feita para pôr fim ao fascismo e à guerra" e contribuiu "para a libertação dos antifascistas". Paula Santos fez, de seguida, uma contradição com a situação da Ucrânia, dizendo que no país os antifascistas "estão a ser presos". "O poder da Ucrânia está a agredir o seu próprio povo", argumentou ainda.

A líder parlamentar do PCP considerou também que a intervenção de Zelensky na Assembleia da República assumiu-se como "ferramenta de instrumentalização" desta mesma instituição, servindo apenas para uma "escalada da guerra e da confrontação". Isto quando, tal como referiu, "aquilo que é necessário é uma solução de diálogo", capaz de "pôr fim à guerra".

"Estamos com todos aqueles que estão na luta pela paz. Há outros partidos que tomaram posições diferentes. Uns, porque ainda não perceberam o que está em causa. Outros, porque apoiam deliberadamente esta guerra", argumentou ainda Paula Santos, dizendo que existe um "conjunto de aspetos" que deviam ter sido esclarecidos na intervenção de Zelensky.

"Onde estão os jovens comunistas ucranianos que foram presos? Por quanto tempo tenciona continuar a perseguir comunistas, antifascistas e democratas ucranianos? Tenciona continuar um caminho de ilegalização ou a banir um conjunto de partidos políticos na Ucrânia? Tenciona manter-se associado aos massacres, em particular ao massacre de Odessa, em que foram queimadas dezenas de pessoas vivas em 2014?", questionou Paula Santos.

Após estas acusações, a deputada comunista apontou que o PCP "defende a paz", apesar das "muitas pressões" em sentido contrário que o partido diz ter vindo a ser alvo, e que é esse o "caminho que tem pela frente". "Na luta pela paz na Europa e no mundo. Na construção de uma solução de segurança comum para os povos da Europa e para os povos do mundo", acrescentou.

Paula Santos apontou ainda que o "PCP preconiza um cessar-fogo imediato, de todas as partes, e criar as condições de diálogo para uma solução pacífica e negociada para este conflito. É neste caminho que o Governo se deve inserir".

A líder parlamentar do PCP acusou ainda o Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, de um "branqueamento da natureza do regime da Ucrânia, que ao longo de oito anos desencadeou uma guerra que agrediu o seu próprio povo". De prestar um apoio a um poder "claramente xenófobo e belicista, um poder que avançou no sentido de uma ilegalização do Partido Comunista da Ucrânia".

"A guerra não se resolve com instigação, com mais equipamento militar, com mais sanções. Aliás, isso avança num outro caminho, inclusivamente de uma guerra económica", assegurou ainda a deputada comunista.

Questionada acerca da ausência dos seis deputados do PCP da sessão solene desta tarde, Paula Santos explicou que o partido "não só não concorda com a instrumentalização da Assembleia da República", como não pretende "contribuir para o branqueamento do regime" em vigor na Ucrânia.

Estas declarações foram proferidas após a intervenção de Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, por videoconferência, no Parlamento português, naquele que se tratou de um momento inédito na história da democracia portuguesa.

Em causa estava uma sessão solene que decorreu esta tarde e que contou ainda com a presença de do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do Primeiro-ministro, António Costa. Entre as principais ausências destacaram-se as dos seis deputados do PCP, que tinham anunciado já na quarta-feira que não iam presenciar esse momento. 

A ideia para que a Assembleia da República promovesse uma sessão parlamentar por videoconferência com o presidente da Ucrânia partiu do PAN, tendo sido aprovada por maioria no próprio Parlamento. O PCP foi o único partido a votar contra essa proposta.

[Notícia atualizada às 19h05]

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