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BE quer saber "como, quando e aonde" Governo taxará lucros das empresas

O líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda exigiu hoje saber "como, quando e aonde" o Governo vai mexer nos lucros extraordinários das empresas, pouco depois de o ministro da Economia ter admitido a criação de uma 'windfall tax'.

BE quer saber "como, quando e aonde" Governo taxará lucros das empresas
Notícias ao Minuto

12:34 - 08/04/22 por Lusa

Política BE

Na intervenção de fundo do Bloco de Esquerda durante o debate sobre o Programa do XXIII Governo Constitucional - que arrancou na quinta-feira e termina hoje, na Assembleia da República - o líder da bancada parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, citou o poeta Mário de Sá-Carneiro para afirmar que falta ao Governo "o tal golpe de asa que o país precisa" para combater uma "inflação galopante".

Filipe Soares acusou o Governo de salvar "os milhões de alguns enquanto o resto do país continua a contar os tostões" e de não querer "atacar onde o dinheiro realmente está", elencando lucros milionários de empresas como a EDP, Galp ou Pingo Doce.

"É incompreensível, é inaceitável, é uma realidade que mostra até alguma insensibilidade social. É certo que não é a tal pressinha que ontem [quinta-feira] o PSD falava, mas é o mesmo desrespeito perante o salário e perante a inflação que o ameaça", afirmou.

Criticando o "silêncio enorme" do Governo quando questionado sobre o que pretende fazer quando os "preços sobem à mesma medida que sobem os lucros dos grandes grupos económicos", Pedro Filipe Soares abordou o anúncio do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, que admitiu hoje a criação de uma ´windfall tax', e que qualificou como "uma taxa para taxar os lucros abusivos das empresas".

"Este anexo é, de facto, muito mais interessante do que aquele documento original que o Governo nos trouxe: qual taxa, para que setores, em que dimensão, qual a duração? É que essas são as perguntas essenciais que as pessoas precisam de saber: como é que o Governo vai agir para que o seu salário dure mais?", inquiriu.

O bloquista questionou se o "Governo reconhece afinal que há lucros excessivos" das empresas e que existe um fenómeno de "cartel nos hipermercados em Portugal, que as pessoas estão a ser roubadas quando vão ao hipermercado por causa desse cartel".

"Esta imoralidade, este ataque aos salários, vai merecer alguma resposta?", interrogou.

O deputado do PS Luís Soares -- o único que fez um pedido de esclarecimento após a intervenção de Pedro Filipe Soares -- afirmou que os governos socialistas, "acompanhados em alguns momentos pelo BE", têm tido a "boa característica" de serem capazes de "olhar para a árvore, mas também olhar para a floresta".

"Depois de volvidas umas eleições, depois de os portugueses terem dito que queriam uma grande maioria estável, eu pergunto: o BE está disponível para agora, novamente, continuar a construir uma solução, fazer avançar o país, com o PS?", interrogou.

Na resposta, Pedro Filipe Soares afirmou que, no caso atual, "a árvore é o salário mínimo nacional que, pela primeira vez em vários anos, cresce abaixo daquilo que se verificaria necessário para cobrir a inflação", e a "floresta é que a larguíssima maioria de todos os outros salários crescem muitíssimo menos do que ao que era necessário para cobrir a inflação".

O bloquista acusou o primeiro-ministro, António Costa, de, no que se refere ao "problema da árvore e da floresta", ter apenas dito que tocar nos salários iria aumentar a inflação e o que o fenómeno inflacionário era "temporário".

"A pergunta que lhe devo colocar é: qual é a base do 'aguenta, aguenta' do Governo? O povo 'aguenta, aguenta' uma inflação durante dois meses, três meses, quatro meses, um ano? De 5%, 6%, 7%? 'Aguenta, aguenta' até quando? É que o imobilismo do PS deixa marcas permanentes na perda de poder de compra das famílias", acusou.

Leia Também: Chega diz querer travar "mais abusos" do Governo com moção de rejeição

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