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Tavares foi ao Casal da Boba beber 'poncha' e ouviu moradores

O dirigente do Livre Rui Tavares visitou hoje o bairro do Casal da Boba, na Amadora, e entre uma 'poncha' e cafés, ouviu apelos para que os partidos, principalmente à esquerda, não apareçam só na altura da campanha.

Tavares foi ao Casal da Boba beber 'poncha' e ouviu moradores
Notícias ao Minuto

18:34 - 22/01/22 por Lusa

Política Legislativas

Uma comitiva de cerca de três dezenas de apoiantes do Livre percorreu hoje algumas ruas e cafés do Casal da Boba, mas Rui Tavares foi interpelado logo a seguir ao almoço no restaurante "O Fontainhas" por José Pina, habitante do bairro, que lhe deixou alguns apelos.

"Você disse que queria uma esquerda unida, eu quero essa esquerda a não brincar com as pessoas. Usar agendas políticas com um ser humano é falta de caráter. Portanto eu, aproveito que estão todos aqui, [para apelar] que a esquerda venha às comunidades, não venham aqui só em campanha, venham ver as pessoas porque se também não há interesse político dessas comunidades é por excluí-los", defendeu.

José apelou a um combate ao racismo institucional e pediu mais atenção para as periferias, que na sua opinião são muitas vezes excluídas ou "usadas como bode expiatório do mal de como vai o país", lamentando ainda problemas no acesso a documentação.

"Temos uma mancha de jovens que de 1981 para a frente continuam a não ter nacionalidade e isso é privar dos direitos e de oportunidades para viajar, para trabalhar, para comprar casa, para várias coisas. Esses jovens nasceram aqui não precisamos de integração, precisamos de inclusão", defendeu, enquanto Rui Tavares concordava.

Rui Tavares, cabeça-de-lista por Lisboa, lembrou os tempos em que dava explicações nos anos 90 na Cova da Moura, outro bairro do concelho, "onde só se ouvia falar para dizer 'a polícia não entra lá'".

"Eu ia lá todas as semanas, estava lá a polícia. Tudo o que se dizia era uma caricatura da realidade do que havia lá", sustentou o dirigente, apontando que o centro de explicações desse bairro "ajudava os miúdos a chegar até ao 12º ano e a sonhar entrar para a universidade, que é uma coisa cada vez mais importante e que tem que chegar a todo o lado".

Na despedida, José Pina desejou uma "continuação de boa campanha a todos os partidos que são a favor da justiça, da igualdade e da solidariedade" e Rui Tavares seguiu o percurso até ao café "Doces da Sandra", para a esperada 'poncha'.

Na modesta banca esperava-o Sandra, que já preparava a bebida em tons de amarelo, rosa e até azul, um cocktail alcoólico de vários sabores, desde morango, coco, manga e até nutella.

"Como dizia a minha avó, se isso é tudo bom, junto tem de ser melhor", gracejou Rui Tavares antes de brindar "à união, à solidariedade e a ter responsabilidade e visão de futuro", num recado à esquerda.

Sandra lamentou as dificuldades que passou desde que chegou a Portugal, aos nove anos, nomeadamente no acesso a documentação que não teve durante "bastante tempo" ou sítios onde trabalhou e não recebeu, mas mostrou-se feliz com o seu pequeno negócio.

Por entre escadas e ruelas, Tavares e a sua comitiva com bandeiras chegaram ao café "Encosta Nascente", local onde o dirigente aproveitou para abordar também um tema que tem sido recorrente na campanha do partido, o frio que se passa nas casas do país.

No início do percurso Rui Tavares confessou que não contava trazer esse assunto para aquela ação novamente, mas que quando chegou ouviu lamentos dos moradores sobre o mau isolamento das casas, o frio, mas também incêndios causados pela humidade que entra pelas paredes e provoca curto-circuitos nas caixas de eletricidade.

No balcão do café, Maria de Lurdes também se queixou do frio e deixou o mesmo recado aos partidos que José: "Quando há campanha eles vêm, prometem mundos e fundos, mas depois fica tudo igual, não fazem mais nada", lamentou.

Em tom leve e rindo, Tavares muniu-se da famosa expressão do dirigente comunista Álvaro Cunhal: "Olhe que não, olhe que não", respondeu, acrescentando que é preciso fazer um trabalho de "credibilização da política".

Questionada sobre o que pediria se pudesse, a moradora apelou às forças políticas para "olharem mais pelos pobres e pelos bairros que têm necessidades".

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