Energia nuclear gerou tensão entre possíveis parceiros de 'ecogeringonça'
O tema da energia nuclear dividiu hoje possíveis parceiros de 'ecogeringonça', com PS a recusar o seu uso e Tavares a apontar que o Livre apenas defende que se deve seguir o desenvolvimento de novas tecnologias, eventualmente mais seguras.
© Pedro Pina/RTP
Política Legislativas
Estas posições foram assumidas naquele que foi último debate entre partidos no âmbito das eleições legislativas, transmitido por Antena 1, TSF e Renascença, a partir das instalações da RTP, em Lisboa, no qual estiveram ausentes o presidente do PSD, Rui Rio, e do Chega, André Ventura, alegando motivos de agenda.
O tema da energia nuclear foi trazido a debate pelo secretário-geral do PS, António Costa, que momentos antes tinha declarado que "com maioria absoluta é possível diálogo com todos", preferencialmente à esquerda, "mas há limites".
"Com o Livre nós temos várias pontes de convergência mas, por exemplo, há um ponto que para nós é uma linha vermelha inultrapassável: no programa do Livre encara-se com grande abertura a possibilidade de estudar o recurso à energia nuclear como uma solução para a transição energética. Para nós nunca será possível essa solução", declarou António Costa, ao mesmo tempo que Rui Tavares dizia "ora essa" e pedia a palavra para responder.
O dirigente do Livre - que recentemente avançou com a ideia de uma possível maioria parlamentar que juntasse PS, PAN, Livre e até PEV, numa 'ecogeringonça' - começou por dizer ironicamente que só não levava Costa "mais a mal porque alguém lhe preparou mal as fichas".
Tavares apontou que o partido é contra a construção de centrais nucleares em Portugal por serem "caras e perigosas e as tecnologias existentes de fissão nuclear não fazem sentido no 'mix' de energias" necessárias para combater as alterações climáticas.
"O Livre diz no programa que se deve seguir atentamente o desenvolvimento de novas tecnologias nucleares, incluindo a fusão nuclear - que é uma tecnologia inteiramente diferente e se lá chegarmos, daqui a 10 anos, num grande projeto europeu chamado 'ITER' será inteiramente segura, se funcionar -- e outras tecnologias como os chamados micro reatores que poderão ser mais seguros, mas ainda têm o problema dos resíduos nucleares e, portanto, em relação a esses somos mais receosos", esclareceu.
Rui Tavares disse não entender qual é a linha vermelha de António Costa em relação ao "seguir atentamente o desenvolvimento de novas tecnologias".
"Não sei se pretende seguir desatentamente ou se pretende não seguir atentamente mas eu tenho uma novidade para dar a António Costa: a linha vermelha dele é desde logo com o seu próprio Governo porque se é contra não só o seguir atentamente mas participar nela, tem que demitir o seu ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior porque Portugal participa no desenvolvimento do 'ITER' e das tecnologias de fusão nuclear, as tais que são diferentes das centrais que estamos a falar, não confundamos as pessoas", rematou.
"Pelos vistos a ecogeringonça aqui proposta por Rui Tavares começa coxa logo à partida", ironizou Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, mais à frente no debate.
A líder do PAN começou por vincar o potencial do país no uso de energias renováveis e "verdadeiramente limpas", tendo Tavares interrompido para dizer que nesse ponto estavam de acordo.
Mas Inês Sousa Real aproveitou para também deixar um recado a António Costa sobre o encerramento da central nuclear de Almaraz, em Espanha, que considerou que coloca "em risco" o país em caso de acidente: "Acho curioso que António Costa, e acho bem que esteja preocupado com as soluções do futuro como é o dito nuclear verde que agora tem sido muito falado, mas em relação à central de Almaraz seria importante que o estado português tivesse uma posição mais firme em relação ao seu encerramento", lamentou.
Mais à frente no debate, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos apontou que o partido é "defensor de reabrir o debate sobre a energia nuclear em Portugal".
"Entendemos que esta é uma energia mais limpa, mais barata e mais eficiente que até pode dotar Portugal da sua autosuficiência energética que pode ser bastante importante, diminui também custos ao nível da produtividade e da economia familiar", defendeu.
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