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Mário Mourão defende aproximação entre tendência sindical da UGT e PS

O candidato a secretário-geral da UGT Mário Mourão defende um melhor relacionamento entre a tendência sindical socialista da central e o PS, considerando que "é tempo de se entenderem" e que é o líder certo para isso.

Mário Mourão defende aproximação entre tendência sindical da UGT e PS
Notícias ao Minuto

08:22 - 11/11/21 por Lusa

Política UGT

"A tendência sindical socialista [TSS] sentia-se um corpo estranho no Partido Socialista [PS] e o Partido Socialista na TSS também. Acho que é o tempo de estas duas organizações se entenderem", afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal (SBN), em entrevista à agência Lusa no âmbito da corrida à liderança da TSS da UGT, que se disputa no sábado.

O presidente da tendência socialista eleito no congresso de sábado será, por inerência, o candidato a secretário-geral da UGT, a eleger no XIV congresso da central sindical, previsto para abril de 2022, e que sucederá a Carlos Silva, que lidera a UGT desde 2013.

Segundo salienta Mário Mourão, "a tendência sindical socialista tem uma experiência e um nome de longos anos no mundo do trabalho que o PS não pode desperdiçar, porque o PS é também um partido de trabalhadores, e isso nem sempre funcionou".

"Todos nós conhecemos que houve problemas de relacionamento entre a tendência socialista e o PS. E, se houve problemas, é porque quer do lado do PS, quer do lado da tendência, provavelmente estavam ali duas pessoas [António Costa e Carlos Silva, respetivamente], com um perfil forte, de grande perseverança e com atitudes diferentes, mas que por vezes não facilitou o entendimento que deve haver", afirmou.

"Isso não funcionou muito bem e é algo de que eu pretendo implementar relativamente às relações com o Partido Socialista", acrescentou.

Embora defendendo o total "respeito pela autonomia e independência de cada uma das organizações", o presidente do ex-Sindicato dos Bancários do Norte considera "importante que o mundo do trabalho dos socialistas tenha pontes com o PS para fazer chegar as suas sugestões relativamente às leis de trabalho".

"Porque é a Assembleia da República que vota, não são as tendências, nem os sindicalistas, e, portanto, há aqui um contributo que a tendência socialista tem para as leis que se vão fazendo relativamente ao mundo do trabalho. E acho que, nos últimos anos, esteve bloqueada essa relação", sustentou.

Decidido a "retomar esta relação, nos princípios do respeito de cada uma das organizações", Mário Mourão quer que "o Partido [Socialista] possa estar aberto a sugestões relativamente ao mundo do trabalho que os sindicatos tenham", o que implica "pontes para o diálogo e a concertação" com a tendência sindical socialista e a UGT.

"A UGT tem de falar com o Governo, com os parceiros, com o mundo empresarial, com outras entidades, e para isso é importante ter portas abertas, porque a todos os níveis nós podermos fazer chegar sugestões relativamente a muita matéria que se discute na Concertação Social", afirma.

Mário Mourão recorda que, enquanto militante do PS, já assumiu "vários cargos" no partido, desde deputado a coordenador da Federação Distrital do Porto, mantendo-se atualmente na Comissão Política Nacional.

"Sempre privilegiei uma boa relação com o partido e, provavelmente, isso dar-me-á uma vantagem para continuar a construir essas pontes e para que o mundo do trabalho possa beneficiar dessa relação, que é importante que exista", refere.

"Acho que tenho condições para fazer, nesta área, um trabalho de aproximação e de respeito pelas duas organizações, para que se oiçam uma à outra e para que o PS acolha as sugestões que os seus militantes sindicalistas tenham e para que a tendência também perceba algumas das políticas e posições que o PS tem na Assembleia da República", acrescenta.

O candidato à liderança da TSS da UGT considera que este "aproximar de posições" assume particular importância no atual contexto político-económico, em que o país "está a receber alguns milhões dos fundos comunitários" da 'bazuca' e é essencial "que este dinheiro seja distribuído por todas as componentes da sociedade".

"É preciso que sirva, por exemplo, para combater a precarização do trabalho, para criar mais emprego e para dotar a justiça de meios humanos e materiais para que possa responder, nomeadamente na área do trabalho", sustentou.

Outro dos desafios em cima da mesa é, na opinião de Mário Mourão, o do teletrabalho, que "é preciso regular" devidamente e que será "uma das [suas] bandeiras" caso chegue à liderança da UGT no próximo ano.

Também prioritário é, em sua opinião, que a atual situação política "não afete questões que já estavam previstas no Orçamento [do Estado para 2022] e que podem muito bem ser ativadas, mesmo não havendo Orçamento".

Como exemplos, apontou a progressão do salário mínimo para os 705 euros -- "há condições para pagar já em janeiro aquilo que estava previsto no Orçamento, sem prejuízo de poder haver novamente negociações, se entretanto se entender que poderá ser mais", sustenta -- e a atualização salarial de 0,9% para os trabalhadores do setor público, que "pode e deve ser uma das premissas que não deve ser prejudicada pelo fato de não haver orçamento".

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