Antigo ministro acusa PSD e CDS de "congelamento da democracia interna"
O socialista Adalberto Campos Fernandes não compreende que "um qualquer líder que se proponha a ser candidato a primeiro-ministro não julgue importante o reforço da legitimidade interna".
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Política Crise política
O antigo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, critica a postura dos atuais líderes dos partidos com disputas eleitorais internas - PSD e CDS - perante a eventualidade de eleições antecipadas no país.
"As recentes disputas eleitorais internas dos partidos mostram as fragilidades da democracia no exato sítio onde o exemplo deveria prevalecer", aponta o ex-governante socialista.
Para Adalberto Campos Fernandes, "custa a compreender que um qualquer líder que se proponha ser candidato a primeiro-ministro não julgue importante o reforço da legitimidade interna, no seu próprio partido, projetando-a para o país".
O "mais curioso", prossegue, num comentário partilhado na rede social Facebook, "é ver a quantidade de argumentos 'administrativos' e 'regulamentares' para justificar o congelamento da democracia interna".
"Como poderá o país confiar os seus destinos a alguém que tem receio dos desafios que os seus próprios companheiros de partido lhe colocam?", questiona, atirando, por fim: "As eleições não são 'um evento adverso' da democracia. Pelo contrário são o instrumento essencial da sua consagração".
Perante a possibilidade de eleições antecipadas, na sequência do chumbo do Orçamento do Estado para 2022 e da provável dissolução do Parlamento, o Conselho Nacional do CDS adiou o congresso para depois das legislativas, uma decisão severamente criticada no partido. A contestação levou à saída de vários militantes, entre os quais Adolfo Mesquita Nunes e Pires de Lima. Nuno Melo, que admite recorrer da decisão do Conselho Nacional para o Tribunal Constitucional, assumiu que se mantém como candidato à liderança do partido mesmo depois das legislativas.
No PSD, Paulo Rangel disputa a liderança do partido a Rui Rio, tendo o eurodeputado pedido para que o congresso fosse antecipado para os dias 17, 18 e 19 de dezembro, em vez de este se realizar entre 14 e 16 de janeiro, como estava previsto. O presidente do PSD e recandidato ao cargo, Rui Rio, tem defendido que foi "um aventureirismo e uma irresponsabilidade" não ter adiado as diretas, enquanto o candidato Paulo Rangel considera que só um líder "fortemente legitimado" se deve apresentar às legislativas.
O Conselho de Estado reúne-se esta quarta-feira sobre a dissolução do Parlamento, devendo o Presidente da República falar ao país amanhã sobre a data escolhida para as eleições antecipadas.
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