Quinta-feira é dia de comentário semanal de Manuela Ferreira Leite, na TVI24, e, como não poderia deixar de ser, a proposta do Orçamento para 2022 apresentada pelo Governo foi tema forte. Questionada sobre se estamos 'à beira' de uma crise política, a ex-líder do PSD começou por considerar que "estamos perante um teatro".
E, neste "teatro", prosseguiu, "nós somos os espectadores, e tomamos por realidade aquilo que, se calhar, é uma fantasia". E porquê? "Porque, na peça de teatro, ele [António Costa] apresenta um Orçamento à Assembleia da República previamente chumbado, porque o BE e o PCP já disseram que votam contra".
E reiterou: "Parece-me um pouco estranho que alguém apresente à Assembleia um Orçamento que sabe, à partida, que não passa. Deveria, obviamente, ter negociado qualquer coisa antes de apresentar aquilo que ele [António Costa] sabe que não aceitam".
Mas Manuela Ferreira Leite foi mais longe. "Se fosse deputada, não lia o Orçamento. Nem lhe pegava. E nem lhe pegava porque acho que não é forma de brincar, quase, com os deputados". Até porque, vincou, "analisar um Orçamento é algo que dá muitíssimo trabalho" para "alguma coisa que, afinal, não era aquilo".
Admitindo a hipótese de que "não é teatro", quer dizer que António Costa "provocou ele próprio uma crise política". Já Marcelo Rebelo de Sousa está a "por os pontos nos i's, no sentido de dizer que, se isto não é teatro, fiquem a saber que eu marco eleições".
Na perspetiva da ex-ministra das Finanças, o chefe do Governo está a "pôr os interesses do partido acima dos interesses nacionais". "Estar a brincar com o Orçamento para obter qualquer tipo de efeito em termos partidários é tudo quanto o país não precisa".
E tem uma "certeza absoluta". "É que o Orçamento que vai sair é pior do que este que entrou. As alterações que vão fazer só pode ser para o piorar".
De lembrar que, esta terça-feira, o líder parlamentar comunista, João Oliveira, afirmou que, "na situação atual, considerando a resistência do Governo até este momento em assumir compromisso em matérias importantes além do Orçamento e também no conteúdo da proposta de Orçamento que está apresentada, ela conta hoje com a nossa oposição, com o voto conta do PCP".
No mesmo dia, Mariana Mortágua, pelo BE, tinha sublinhado que, "com esta proposta e sem a inclusão das medidas que o Bloco de Esquerda considera prioritárias", o partido não vê razão para alterar o sentido de voto do último Orçamento, que foi o voto contra.
Leia Também: "No IRS, estamos, de facto, a reduzir as taxas para a classe média"