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Politólogo: Vitória de Moedas alterou a leitura nacional dos resultados

O politólogo António Costa Pinto considerou hoje que a vitória do social-democrata Carlos Moedas em Lisboa constitui uma surpresa e alterou a leitura nacional dos resultados e a perceção da sociedade portuguesa sobre estas eleições autárquicas.

Politólogo: Vitória de Moedas alterou a leitura nacional dos resultados
Notícias ao Minuto

13:15 - 27/09/21 por Lusa

Política Autárquicas

"Quando olhamos para estas eleições percebemos que, no fundamental, não há nada de novo, era expectável independentemente de uma rotação de poder em Coimbra ou Santana Lopes na Figueira da Foz, nada disso, creio eu, constituí surpresa. Mas a vitória inesperada de Carlos Moedas em Lisboa alterou a leitura nacional e, sobretudo, alterou a perceção da sociedade portuguesa sobre estas eleições", disse à Lusa o politólogo.

No entendimento de António Costa Pinto, a vitória de Carlos Moedas, com 34,5% dos votos nas eleições autárquicas de domingo, alterou a perceção sobre a leitura nacional desses resultados e essa leitura a partir de Lisboa "dá fogo a uma oposição do PSD enquanto potencial desafiador de António Costa em 2023".

Carlos Moedas foi eleito presidente da Câmara de Lisboa com 34,25% dos votos, contra 33,30% de Fernando Medina, numa diferença de cerca de 2.300 votos entre os dois.

"Evidentemente que esta vitória também tem consequências na vida interna dos partidos sobretudo no PSD, ou seja, Rui Rio, como foi muitas vezes afirmado, aumentou o seu capital a caminho do congresso de janeiro; vamos ver até que ponto vai ou não ter desafios não sendo previsível que Carlos Moedas com base neste sucesso ultrapasse Lisboa daqui até janeiro", destacou.

O investigador coordenador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e professor convidado no ISCTE, considerou, à Lusa, que estas eleições autárquicas, sob o ponto de vista do seu balanço, constituem um caso "muito interessante", por razões várias.

"Em primeiro lugar do ponto de vista global, as eleições tiveram os resultados que no fundamental eram expectáveis, ou seja, o PS permanece de longe o maior partido autárquico e diminui o número de presidências de câmara de uma forma ligeira, e o PSD aumenta o seu número de câmaras e números eleitorais globais. Também diminuindo a sua diferença em relação ao PS, mas de uma forma pouco dramática, pouco abrupta", salientou.

Num balanço feito à Lusa, António Costa Pinto destacou também "o calmo declínio eleitoral" da CDU, que não conseguiu recuperar algumas autarquias que perdeu.

"É natural porque o processo de desgaste eleitoral da CDU é um processo com uma enorme continuidade, ou seja, estamos a falar de autarquias que em muitos casos a CDU detém desde a transição democrática. Uma primeira rotação de poder como é o caso de Almada a sua recuperação é muito difícil porque os incumbentes mantêm uma vantagem eleitoral significativa. Recuperar vai ser muito difícil", contou.

No que diz respeito ao CDS, o politólogo considerou que não saiu derrotado, tendo aumentado o seu capital interno e, sobre o Bloco de Esquerda (BE), realça que este se manteve no fundamental um partido "fraco na implantação autárquica", não tendo alterações significativas.

"Mais interessante são os dois novos partidos. Temos o Chega que mantém o crescimento da sua estrutura nacional, que é um fator muito importante, muito embora tenha escassos lugares a nível de juntas de freguesia, e não tem presidências de câmara, mas tem uma malha nacional mais ou menos homogénea.", salientou.

António Costa Pinto destacou também os resultados da Iniciativa Liberal, que se "consagra como uma espécie de BE da direita".

"Tem fundamentalmente presença nas áreas metropolitanas, no concelho de Lisboa com o eleitorado mais jovem de classe média, média/alta, quadros empresariais que evidentemente que já votaram PSD ou CDS", disse.

Sobre as sondagens que davam nas últimas semanas a vantagem a Fernando Medina, o investigador considerou que há sempre fenómenos que falham na captação.

"Se as sondagens falharam ou não... há sempre fenómenos específicos que falham na captação das sondagens. Uma remete para as decisões de última hora, o número de indecisos era grande e aí é uma margem sempre complexa. As sondagens falham porque não conseguem captar as mudanças de atitude do eleitorado", disse.

No entanto, sublinhou, "independentemente dos fatores que levaram à queda do PS em Lisboa, inegavelmente transmitiu-se uma perceção de um crescimento mais global do PSD e de uma derrota do PS".

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