Oposição critica política do Governo da Madeira em ano de pandemia
Os deputados da oposição madeirense voltaram hoje a criticar a falta de diversificação da economia, o problema das listas de espera na saúde, a política dos transportes de mercadorias e a política de "exploração" dos trabalhadores em ano de pandemia de covid-19.
© Global Imagens
Política Madeira
No debate do 'Estado da Região', que decorre hoje na Assembleia Legislativa da Madeira para fazer o balanço do ano, o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, defendeu a importância de a região "diversificar a economia".
O parlamentar criticou o Governo Regional (PSD/CDS-PP) por "continuar a apostar no turismo e na construção civil" e "perder tempo e oportunidades", considerando ser "urgente rever o Programa de Ordenamento Turístico e a estratégia do turismo".
Paulo Cafôfo também contrariou a declaração recente do presidente do Governo da Madeira de que a "habitação deixou de ser um flagelo" na região, e sublinhou que este problema "não foi ultrapassado" e que "80 mil madeirenses (um em cada três) estão em risco de pobreza".
O líder parlamentar do PS, Miguel Iglésias, considerou que o executivo madeirense "continua a trilhar o mesmo caminho e gere apenas a conjuntura", agindo "com falta de transparência, com opacidade", e satisfazendo interesses económicos.
O responsável da bancada do JPP, Élvio Sousa, insistiu na importância de haver "transparência" no setor do transporte de mercadorias e na situação dos portos da região.
O parlamentar censurou o executivo por continuar a não disponibilizar a documentação solicitada para a "fiscalização" que o parlamento regional deve fazer à atuação do Governo Regional nesta área.
Paulo Alves, também do JPP, lembrou o problema dos atrasos das listas de espera na saúde e os atrasos no pagamento aos profissionais de saúde.
Os temas são aliás, habituais nos plenários do arquipélago. Em março, por exemplo, Paulo Alves lembrou que entre 2015 e 2019 houve um aumento das listas de espera para cirurgia (mais 5.529), que passaram de 14.936 para mais de 20 mil, o mesmo acontecendo com as consultas e testes de diagnóstico, totalizando as 100 mil referenciações.
O deputado único do PCP, Ricardo Lume, argumentou que, mesmo antes da pandemia, "entre 2017 e 2020, 60% dos madeirenses (mais de 150 mil pessoas) não tinham condições para pagar uma semana de férias", nem conseguiam pagar contas se enfrentassem uma situação inesperada.
"O problema é que a política do governo é baseada na exploração dos trabalhadores e baixos salários", disse.
O líder parlamentar do PSD/Madeira, Jaime Filipe Ramos, sustentou ser preciso "garantir a capacidade de resposta nos próximos tempos, porque a pandemia não acabou" e são necessárias "medidas para conter o desemprego e garantir os postos de trabalho".
"O que vimos da República foi nada, zero. o Estado não meteu um tostão na Madeira", vincou.
Também a deputada social-democrata Rubina Leal opinou que "o Governo Regional não parou" e que a Madeira "está a superar os problemas da saúde pública", tendo conseguido colocar no terreno a obra de construção do novo hospital.
O vice-presidente do executivo madeirense, Pedro Calado, acrescentou que "agora falta o Governo da República dizer como vai assumir o compromisso dos 50%" deste projeto.
"É preciso reforçar os apoios sociais para quem precisa para não criar injustiça social", argumentou o governante, sublinhando que neste momento a região "tem retoma, empresas a funcionar, mas não tem mão de obra porque as pessoas estão em casa a receber subsídios de desemprego".
Quando ao CDS-PP, o líder parlamentar, António Lopes da Fonseca, salientou que, apesar de "nem tudo estar bem", porque a pandemia persiste, "os indicadores não enganam e dizem claramente que na região, após 13 meses negativa, a atividade económica está positiva".
"O Governo da Madeira teve o condão de ser proativo, preventivo relativamente à pandemia e estes indicadores são o resultado", opinou, argumentando que "se a região tivesse uma área maior, a maioria dos portugueses quereriam [ir] viver para a Madeira, visto que as condições de vida são melhor do que no continente".
Ainda respondendo às criticas dos deputados, o secretário regional da Educação, Jorge Carvalho, referiu que as medidas adotadas permitiram "chegar ao fim do ano letivo com a missão cumprida" neste arquipélago.
A secretária do Ambiente e Recursos Naturais, Susana Prada, assegurou que a região "está melhor do que há sete anos".
"Neste momento há água que chegue para todos", disse, mencionando que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) destina 70 milhões de euros a esta área, dos quais 52 milhões serão afetos à água de rega, à água que corre para o mar e à recuperação de grande canais.
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