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Não se justifica "uma polícia para estrangeiros" em Portugal

O ministro da Administração Interna disse hoje que não se justifica em Portugal "uma polícia para estrangeiros" quase 50 anos depois de um Estado de direito democrático, considerando que os imigrantes são "algo benéfico para a sociedade e economia".

Não se justifica "uma polícia para estrangeiros" em Portugal
Notícias ao Minuto

11:43 - 09/07/21 por Lusa

Política Cabrita

"A dúvida fundamental que hoje extiste, porque tem a ver com o modelo de reestruturação da lei de segurança interna, e que os senhores deputados terão de responder é se no Portugal democrático, ao fim de quase 50 anos de Estado de direito de democrático se justifica uma polícia para estrangeiros, não é essa a visão que temos", disse Eduardo Cabrita.

O ministro falava no parlamento, no debate da proposta do Governo que define a passagem das competências policiais do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras para a PSP, GNR e Polícia Judiciária, no âmbito da reestruturação do SEF.

Eduardo Cabrita avançou que os cidadãos estrangeiros devem ser tratados em Portugal "da mesma forma que qualquer um de nós", a partir do momento que sejam reconhecidos no país os seus direitos jurídicos e de residência para trabalhar e estudar.

"A proposta de lei dá cumprimento aos compromissos de Portugal no quadro do pacto global das migrações e no quadro daquilo que é a visão do programa do Governo que olha para as migrações e comunidades estrangeiros como algo benéfico para a sociedade e economia", frisou.

Eduardo Cabrita sustentou que o Governo "não admite que os cidadãos estrangeiros sejam vistos como um ameaça".

"Um país que valoriza o papel dos cidadãos estrangeiros, que defende migrantes e que acolhe refugiados", disse, para enumerar as "oito boas razões para ser aprovada" a proposta de lei do Governo.

Entre essas rações, Eduardo Cabrita destacou o facto de Portugal ter sido "o primeiro país europeu a apresentar um programa global de concretização do pacto global para as migrações" e "o cumprimento do programa do Governo que estabelece uma orientação de separação orgânica muito clara entre funções policiais e as funções administrativas de acompanhamento de cidadãos estrangeiros".

Outro dos motivos avançados pelo ministro está relacionado com "a necessidade de reorganização das forças e serviços de segurança e reorganização das competências em matéria de investigação criminal relativamente à prioridade ao combate ao tráfico de seres humanos e à utilização da fragilidade de cidadãos vitimas de redes de auxílio à imigração ilegal".

"Esta proposta permite concretizar uma das prioridades da Presidência Portuguesa da União Europeia na área dos assuntos internos, de distinção entre funções de segurança de fronteiras e a nova dimensão de uma agência europeia de asilo, aprovada no último dia da presidência europeia", afirmou.

O ministro disse ainda que a proposta do Governo vai permitir "maximizar a eficácia de ação da área de segurança interna" no âmbito da atuação da GNR, PSP e PJ, bem como a experiência adquirida pelos trabalhadores do SEF, que tem "de ser valorizada".

A proposta de lei visa "a reformulação das forças e serviços de segurança que, nos termos da lei, exercem a atividade de segurança interna, alterando-se para tal a Lei de Segurança Interna, a Lei de Organização da Investigação Criminal e as leis orgânicas da GNR e PSP"

Com esta alteração legislativa, define a passagem das competências policiais do SEF para a Guarda Nacional Republicana (GNR), Polícia de Segurança Pública (PSP) e Polícia Judiciária (PJ), "concretiza-se a separação entre as funções policiais e as funções administrativas de autorização e documentação de imigrantes" prevista no programa do Governo, segundo o executivo.

A proposta define ainda as atribuições em matéria administrativa, nomeadamente a criação do Serviço de Estrangeiros e Asilo (SEA), que terá "atribuições de natureza técnico-administrativa" para acompanhamento dos imigrantes, e a passagem de competências para o Instituto dos Registos e Notariado (IRN), que ficará responsável pela renovação das autorizações de residência.

A proposta refere que a criação do SEA, que vai substituir o SEF em matéria de imigração, e a passagem de competências para o IRN vão ser definidas em diploma próprio a aprovar pelo Governo.

Sobre a SEA, Cabrita referiu que o Governo vai concretizar a criação de uma estrutura administrativa responsável pelo acompanhamento dos cidadãos migrantes e pela política de asilo humanista que o país defende.

Além da proposta de lei do Governo, o parlamento também debate hoje iniciativas do BE, PSD e Chega.

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