Em declarações à Lusa, João Pimenta Lopes afirma que a sua intervenção enquanto eurodeputado será "muito focada nos compromissos que estão assumidos com os portugueses" e que constam no programa do PCP definido aquando das eleições europeias de 2019, destacando nomeadamente a "defesa dos interesses nacionais, e a projeção dessa defesa e dos problemas que se fazem sentir no país".
"É fundamental a atividade que, ao longo do ano, os deputados do PCP vão dinamizando (...), esse contacto com os trabalhadores, com as empresas, com o tecido económico e social do país, compreender aquilo que são problemas concretos com que o país se confronta por via das próprias políticas da União Europeia", refere o eurodeputado.
Nesse sentido, João Pimenta Lopes frisa que procurará "traduzir" a realidade com que os "trabalhadores e o povo português se confrontam" na sua intervenção quotidiana enquanto eurodeputado e nos "mais diversos dossiês" com que o Parlamento Europeu lida, quer seja "do ponto de vista dos aspetos orçamentais", quer "nos aspetos das políticas económicas" e "macroeconómicas".
"Nomeadamente, por exemplo, a questão da condicionalidade no acesso aos fundos, uma condicionalidade política que limita a capacidade de o país intervir e de mobilizar fundos em função daquilo que sejam as suas necessidades prementes de desenvolvimento nacional", aponta.
Apesar de iniciar o mandato a perto da metade da legislatura do Parlamento Europeu -- os atuais eurodeputados tomaram posse em julho de 2019, e mantêm-se até 2024 --, João Pimenta Lopes considera que isso "não será, de todo, uma dificuldade", por já ter sido eurodeputado entre 2016 e 2019 e estar a par de todo o "processo e dinâmica parlamentar".
"A par disso, conto com um coletivo que compõe a delegação do PCP aqui no PE, que é fundamental no trabalho que levamos por diante, na análise dos dossiês, na apresentação e criação de propostas", refere.
Assumindo as funções que eram previamente de João Ferreira, e tornando-se assim vice-presidente do Grupo da Esquerda (GUE/NGL) - a família política europeia que une os partidos de extrema-esquerda da UE - João Pimenta Lopes diz que a perspetiva do PCP é que o "grupo continue a ser, como até aqui, um espaço de cooperação entre forças políticas de esquerda, progressistas" e um "grupo com uma natureza confederal, ou seja, onde cada partido afirma as suas posições políticas".
"Estamos empenhados em que o grupo possa continuar a ser esse espaço de cooperação aqui no Parlamento Europeu, e [em] contribuir para essa dinâmica", salienta.
No que se refere à saída de João Ferreira do Parlamento Europeu, João Pimenta Lopes realça que o atual candidato da Coligação Democrática Unitária (CDU) à Câmara Municipal de Lisboa tem agora "outro desafio muito grande pela frente".
"Como ele próprio colocou noutros momentos, (...) o trabalho da intervenção dos deputados do PCP no Parlamento Europeu é fruto de um trabalho coletivo e, portanto, naturalmente, aqui estamos para dar continuidade ao intenso trabalho que, não só o João Ferreira, como outros meus camaradas, aqui desenvolveram ao longo de vários anos", destaca o eurodeputado.
A delegação do PCP no Parlamento Europeu tem atualmente dois deputados: além de João Pimenta Lopes, conta também com a eurodeputada Sandra Pereira.