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"Há no PS um tipo de fascínio pelo BE, sobretudo nas camadas mais jovens"

Socialista Sérgio Sousa Pinto, crítico da Geringonça, considera que ainda é cedo para fazer um balanço da solução de poder encontrada em 2015. Entende que António Costa não se deixou condicionar nos aspetos essenciais da política portuguesa, mas constata que a proximidade com o PCP e o Bloco de Esquerda poderá ter produzido consequências culturais de longo prazo.

"Há no PS um tipo de fascínio pelo BE, sobretudo nas camadas mais jovens"
Notícias ao Minuto

08:30 - 18/05/21 por Notícias ao Minuto

Política PS

Sérgio Sousa Pinto, socialista que sempre manifestou dúvidas em relação à Geringonça, afirmou, no programa Polígrafo SIC, que ainda é cedo para fazer o balanço sobre a solução governativa encontrada no período de 2015 a 2019. 

Questionado sobre se a História veio dar razão a António Costa, nesse ponto, o deputado disse ainda  não ser a altura de "falar abertamente sobre este período", sendo "ainda cedo para fazer avaliação do que aconteceu, do que não aconteceu, do que poderia ter acontecido".

"Eu só gostava que ficasse claro que eu desejo ardentemente estar errado. Espero que no fim deste ciclo possamos fazer um balanço positivo para o país no fim desta solução de poder encontrada - agora um bocadinho menos clara, a relação que o Governo mantém com o PCP e com o Bloco não é a mesma da primeira legislatura", declarou. 

O jurista recordou que as objeções que, na altura, colocara à formação da Geringonça se prendiam com "o facto de o vencedor das eleições" ter sido a coligação de Direita de Passos Coelho: "Havia regras de fairplay democrático vigentes desde o princípio da segunda República. Sempre, menos uma vez, o PS teve de governar em minoria e nunca o PSD impediu o PS de governar e o PS retribuiu. Foi assim que o sistema funcionou. Essas eram as regras conhecidas".

Para Sérgio Sousa Pinto, a solução encontrada,  do ponto de vista dos "hábitos democráticos", não foi um "grande avanço".  "Chamar a isto 'derrubámos finalmente o muro de Berlim' é uma qualificação quase cómica, porque o derrube do muro de Berlim significa o fim do Bloco de Leste e o fim do Comunismo. Ora, trazer a extrema-esquerda para área do poder não tem nada a ver com o muro de Berlim", atirou. 

Quanto às marcas da solução no PS, o deputado crê que o primeiro-ministro António Costa "não se deixou minimamente condicionar nos aspetos essenciais da política portuguesa (...) As grandes questões centrais e estruturantes não foram beliscadas".

No entanto, "foi preciso fazer aqueles compromissos" de modo a "corresponder às exigências dos eleitores (...) e dar racionalidade a isto". "Algumas cedências foram feitas, mas no essencial António Costa não cedeu, nem nunca eu achei que cedesse", resumiu. 

Sérgio Sousa Pinto notou que é "possível ir encontrando compromissos ao gosto do PCP, ou correspondendo às exigências do Bloco de Esquerda", interrogando-se, no entanto, "se esta coreografia permite ao Governo fazer as reformas de que o país precisa". 

O deputado considera que a proximidade com o PCP e o Bloco de Esquerda poderá ter produzido consequências culturais de longo prazo no PS: "Nos jovens socialistas, estes seis anos são muito tempo. Foram seis anos em que lhes foi impingida uma mundividência  que acho uma fantasia, segundo a qual o PS finalmente se comportou como um partido de Esquerda, uma espécie de frente popular (...)"

"Há no Partido Socialista, é um fenómeno recente, uma espécie de fascínio pelo Bloco de Esquerda, uma espécie de subjugação intelectual, (...) que se faz sentir sobretudo nas camadas mais jovens do partido", afirmou, considerando que este fascínio terá resultado do facto de se ter construído um discurso e uma cultura diferente no partido.

"A juventude gosta de coisas claras: gosta do escuro e gosta do branco, gosta de estar do lado do bem e combater o mal. Os partidos periféricos têm sempre um discurso simplista e primário que é muitas vezes sedutor", disse.

O socialista considerou ainda que o PS não está refém dos partidos de Esquerda, "nem António Costa é homem para ser refém de quem quer que seja. Não é homem para ser sequestrado pelo BE, muito menos pelo PCP".

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