"Encarar-me como quarto elemento da troika é insultuoso"
O antigo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, que tando deu e ainda continua a dar que falar, sobretudo após a publicação do livro de Maria João Avillez a que empresta o nome, concede, esta segunda-feira, uma entrevista exclusiva ao jornal Público, refutando ter sido o quarto elemento da tríade que compõe a troika, papel que tantas vezes lhe foi atribuído.
© REUTERS
Política Gaspar
“Com o devido respeito, a questão de me encarar como quarto elemento da troika é simplesmente insultuosa”. É desta forma que o ex-responsável pela pasta das Finanças, Vítor Gaspar, responde, no âmbito de uma entrevista ao Público, quando confrontando com a ideia de que “foi olhado como o quatro dos Três Mosqueteiros [da troika]”.
E prossegue Gaspar, “recuso completamente esse papel. O meu papel é o oposto. Tive a honra de representar Portugal nessas negociações. A troika estava sentada do outro lado da mesa. As relações com as equipas da troika foram sempre boas, base fundamental para melhor defender os interesses de Portugal”, enfatiza, autointitulando-se, nesta senda, de “negociador bem-sucedido”.
Mas afinal, por que decidiu, então, Gaspar abandonar o Executivo de Passos Coelho? “Porque do ponto de vista interno, escolhi dar uma grande visibilidade política aos limites iniciais [do défice] fixados pelo programa. Podia não o ter feito, Mas fi-lo por escolha política e quando constatei que não era possível cumprir aqueles limites, era natural que eu assumisse as consequências políticas”, justifica o economista.
O antigo governante advoga ainda que “as dimensões humanas e sociais do programa de ajustamento foram sempre tidas em conta”, e assinala, que “a punição nunca se aplicou a Portugal”, reportando-se à “mensagem de punição aos perdulários” que, lembra a jornalista do Público, era uma ameaça constante veiculada por parte dos credores internacionais.
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