Numa declaração política no parlamento, o deputado do PSD Duarte Pacheco apontou algumas "omissões" à auditoria do Tribunal de Contas (TdC), mas considerou que já confirmou que "o Fundo de Resolução não teve qualquer cuidado na defesa dos contribuintes".
"O TdC reconhece a importância da venda para a estabilidade do sistema financeiro, no entanto não analisou outras alternativas diferentes da liquidação, no limite a manutenção plena do Novo Banco na esfera pública", salientou.
Já na quarta-feira, em entrevista à RTP, o presidente do PSD, Rui Rio, defendeu que a instituição deveria ter ficado na esfera do Estado antes de ser vendida, admitindo que nesse cenário até pudesse haver lucro para os contribuintes.
"O PSD nas últimas 24 horas mudou a agulha sobre o que defendeu nos últimos anos: sempre defendeu que a venda foi a melhor solução", apontou João Paulo Correia.
Alegando ter ficado "surpreendido" com a posição de Rio hoje reiterada por Duarte Pacheco, o deputado do PS disse ter encontrado dois projetos de resolução de PCP e BE que, em 2017, propunham a manutenção do Novo Banco na esfera pública.
"PSD e CDS-PP votaram contra em 2017, esse debate foi feito na altura própria, o que estava em cima da mesa era vender ou liquidar (...) A venda só decorreu em 2017 porque alguém falhou a venda em 2015, quem falhou? Há dois nomes, dois responsáveis: Pedro Passos Coelho e [o ex-governador do Bando de Portugal] Carlos Costa, o PSD que não perca a e memória", criticou.
Na resposta, Duarte Pacheco considerou existir uma diferença entre manter o banco "para sempre na esfera pública", como pretendem os partidos mais à esquerda, ou não o vender a qualquer preço.
"Se quer vender uma propriedade, mas sabe que vai perder dinheiro, pode manter essa propriedade mais um tempo e vender mais tarde. Temos como princípio que a venda é a solução, mas no entanto tem de ser em condições e de forma a rentabilizar o interesse público, e isso não aconteceu na venda de 2017", disse.
O deputado social-democrata acusou os autores da venda de 2017 de terem "escondido o contrato a sete chaves por saberem que estavam a enganar os portugueses ao dizer que não tinha custos para os contribuintes".
"E o responsável foi Mário Centeno", apontou, referindo-se ao então ministro das Finanças e atual governador do Banco de Portugal.
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