"Marcelo e Costa vão continuar amigos, mas nem sempre de acordo"
Um artigo de opinião assinado por Joaquim Jorge, biólogo e fundador do Clube dos Pensadores.
© Joaquim Jorge
Política Artigo de opinião
"Quando Marcelo foi reeleito escrevi aqui no Noticias ao Minuto:
'Marcelo Rebelo de Sousa venceu, mas vamos ver qual vai ser a sua postura? Agora não precisa mais de António Costa'.
Eu sempre achei que a relação não iria ser como antes, é normal os interesses são distintos.
Até às eleições presidenciais, António Costa precisava de estabilidade e de ter uma profícua relação com o Presidente. Marcelo precisava de não divergir de António Costa para ser reeleito.
Marcelo Rebelo de Sousa estará em Belém até 2026 e pelo meio haverá eleições autárquicas em 2021, legislativas em 2023 e europeias em 2024.
Em causa estão três diplomas de apoios sociais e o respeito pela norma-travão. Esse item foi aplicado à carreira dos professores e o PR e o Governo estiveram em sintonia. Desta vez, nem 'tudo é economia' e passa para 'às vezes é política'.
Toda a gente percebe que um governo tem de governar com a sua execução orçamental, se esse orçamento é desvirtuado com despesas ou receitas é complicado e contra natura executá-lo. E toda a gente percebe neste tempo de pandemia todos os apoios são poucos para as pessoas sobreviverem.
A ideia que existe no país é que o PS gasta o que pode e não pode, depois vem o PSD para se apertar o cinto e endireitar as contas públicas.
Porventura, António Costa quer libertar-se deste estigma!
O PR promulgou as três leis, mas António Costa não aceitou e pediu a fiscalização no Tribunal Constitucional (TC). Agora está nas mãos do TC.
António Costa pode utilizar este percalço para alegar que não tem condições para governar com o seu Orçamento do Estado e provocar eleições antecipadas com o fito de ter uma maioria absoluta e não precisar de mais ninguém para governar.
Sinceramente acho que isto não vai passar de uma divergência natural entre duas pessoas, o próprio ministro das Finanças, João Leão mostrou abertura para acomodar esses apoios sociais e o PR procurou limitar os danos constitucionais destas leis ao propor uma interpretação que esvazia o seu efeito prático.
Assim há um empate pelas razões invocadas.
Pode dizer-se que há uma querela de princípio e que Marcelo e Costa vão continuar amigos, mas nem sempre de acordo deixando, por vezes, trespassar para a opinião pública as suas discórdias, que antes ficavam nos corredores do poder."
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