O constitucionalista Vital Moreira considera a intervenção de Cavaco Silva, antigo Presidente da República e antigo líder social-democrata, espelha "uma impaciência que cresce nas profundezas do PSD aumentando a pressão sobre Rio".
Na ótica do ex-eurodeputado do PS, Cavaco "resolveu sair do seu silêncio para dar dois fortes conselhos ao atual líder": o partido deve "concentrar todo o fogo político na oposição ao PS, abandonando qualquer entendimento com o Governo", por um lado, e "deixar de se preocupar com o Chega, de quem o PSD virá precisar para voltar ao poder", por outro lado.
"Depois de seis anos fora do poder e sem perspetivas imediatas de lá voltar, Cavaco Silva veio exprimir a impaciência que cresce nas profundezas do PSD aumentando a pressão sobre Rio", analisa Vital num texto publicado no blogue Causa Nossa.
Vital Moreira considera também que, "quando em desespero de causa, a direita recorre sempre ao velho golpe baixo de acusar a esquerda no poder de 'amordaçamento da democracia'". "Mesmo quando, como é o caso, as instituições democráticas estão bem e se recomendam, quando o Governo é minoritário e o Presidente é oriundo do PSD, quando os direitos de oposição são respeitados e quando figuras da direita dominam o comentariado nacional nos média", acrescenta.
O constitucionalista assinala, de resto, que, para a direita, "um governo de esquerda é sempre, por definição, incompatível com a democracia liberal, monopólio natural da direita" e remata afirmando que vinda de onde vem, porém, "a denúncia da 'democracia amordaçada', além de manifestamente despropositada, é simplesmente ilegítima".
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