Evolução política em Portugal com afirmação do Chega é "muito intrigante"

A evolução política em Portugal, com a afirmação do partido da direita radical Chega é "muito intrigante", considerou hoje o analista holandês Cas Mudde numa conferência virtual promovida pelo Clube de Lisboa.

"O país celebra a liberdade quando tem cancros que minam a democracia"

© Basta

Lusa
03/03/2021 20:15 ‧ 03/03/2021 por Lusa

Política

Cas Mudde

"O caso português é muito intrigante. Penso que [em Portugal] a esquerda radical tem demonstrado nos últimos anos o desejo de compromisso, e que a esquerda tradicional estabeleceu padrões muito claros, limites, para a colaboração,", sustentou.

"Se a direita tradicional fizer o mesmo com o Chega, a garantia do respeito pelo atual funcionamento do sistema, linhas vermelhas, pode significar um Governo muito à direita, mas mesmo assim liberal", admitiu ainda o investigador num debate moderado pelo diretor-adjunto do Expresso David Dinis sob o lema genérico "Está o populismo a crescer? Porquê e onde?".

Um cenário que mereceu comparação com o caso de Espanha, onde o partido da direita radical Vox tem registado um assinalável crescimento e que o analista considera ter mais hipóteses de vir a participar num eventual Governo devido à sua experiência política.

"O Vox é um partido muito bem organizado e que não está dependente do seu líder. O Vox vem do Partido Popular (PP) e possui uma importante infraestrutura. O Chega não tem, depende muito do líder que parece relativamente volátil", considerou o politólogo holandês, 53 anos, atualmente a viver nos Estados Unidos.

"O que aprendemos é que este género de líderes pode ascender muito depressa, mas os partidos que dependem do líder também podem desaparecer rapidamente. E geralmente os líderes dos partidos de extrema-direita comportam-se melhor nas eleições presidenciais que nas legislativas", considerou.

O populismo de direita na Europa "surgiu com a crise dos refugiados (2015-2016), e não com a grande recessão", apesar de não prever um grande reforço desta corrente nos próximos anos. Mas há uma grande hipótese de que voltem a ganhar dentro de cinco anos...", alertou.

Assim, emitiu um conselho, também dirigido aos 'media' e de novo sobre o caso português: "[Líder do Chega, André] Ventura deve ser acompanhado, mas não de forma desproporcional".

E concluiu: "Os 'media' que se consideram os vigilantes da democracia devem abordar as formações anti-liberais-democratas de forma diferente face aos que apoiam a democracia liberal. Contextualizar e não sobrevalorizar a sua importância são as coisas mais importantes".

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