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"É muito difícil achar que matar ou degolar transforma pessoas em heróis"

Tenente-Coronel Marcelino da Mata foi tema no programa 'Circulatura do Quadrado'. Ana Catarina Mendes considerou que "temos de olhar para o passado e não negar nada do que aconteceu".

"É muito difícil achar que matar ou degolar transforma pessoas em heróis"
Notícias ao Minuto

09:20 - 18/02/21 por Notícias ao Minuto com Lusa

Política Ana Catarina Mendes

A discussão em torno de Marcelino da Mata, o Tenente-Coronel que morreu de Covid-19 na semana passada, foi um dos temas em destaque no programa 'Circulatura do Quadrado', da TVI24, onde Ana Catarina Mendes opinou que "nenhum de nós consegue olhar para a Guerra Colonial e não dizer a tragédia, a desgraça que foi, não só quando ela aconteceu, mas com todas as sequelas que deixou em milhares de portugueses que combateram".

A comentadora fez ainda questão de sublinhar, a este propósito, a "forma como muito poucas vezes foram reconhecidos pelo trabalho que tiveram e pela forma como, ainda hoje, muitas das coisas estão por recuperar também nas suas próprias vidas".

A também líder parlamentar do PS disse ter "muita dificuldade numa situação extrema destas" em "achar que na Guerra, de repente são todos uns heróis". "Em alguns momentos, por necessidade ou não, por maldade ou não, por crueza ou porque tinha de ser assim, foram cometidas atrocidades muito violentas", considerou.

Ana Catarina Mendes defendeu que "temos de olhar para o passado e não negar nada do que aconteceu". Mas há "várias narrativas", o que leva que, em 2021, "a ausência do conhecimento de muito do que aconteceu na Historia - e neste caso em particular também -, leve a que se trate com alguma ligeireza aquilo que foi um período muito difícil".

Já questionada sobre se tem a imagem de Marcelino da Mata como um herói ou um criminoso, a socialista, asseverou que "não quer fazer esse ataque". "Quero dizer que condeno veementemente o que aconteceu na Guerra Colonial e que acho que, na Guerra, não há heróis neste sentido. É muito difícil nós, num cenário tão horrível como aquele, achar que matar ou degolar ou torturar transforma as pessoas em heróis".

Quem foi Marcelino da Mata?

Marcelino da Mata, natural da Guiné-Bissau, tinha 80 anos e foi um dos fundadores da tropa de elite 'Comandos', sendo conhecido nos meios militares como um dos mais "bravos e heróicos" combatentes lusos.

Após a Revolução do 25 de Abril e do fim da Guerra Colonial foi proibido de voltar à sua terra natal, entretanto independente país de origem, e viu-se obrigado ao exílio, em Espanha, até ao contragolpe do 25 de Novembro (que terminou com o Processo Revolucionário Em Curso).

Foi o militar mais condecorado de sempre do Exército, segundo o ramo. Em 1969, foi armado cavaleiro da 'Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito', após ter subido sucessivamente de patente, desde soldado a major.

Entre as mais de 2 mil missões de combate em que participou, naquele que é considerado dos teatros de operações mais difíceis da Guerra Colonial, contam-se as emblemáticas: Operação Tridente, o resgate de mais de uma centena de militares lusos no Senegal e a Operação Mar Verde.

Marcelino Mata reformou-se em 1980 e foi ainda promovido a Tenente-Coronel em 1994. Foi ainda responsável pela segurança da Universidade Moderna, encerrada compulsivamente pelo Governo do socialista José Sócrates, assim como a cooperativa Dinensino, por falta de viabilidade económico-financeira, após vários escândalos e processos judiciais.

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