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Vacinar políticos? "Governo fez disto uma alhada e não o devia ter feito"

Francisco Louçã considera a polémica em torno da vacinação dos políticos um episódio "muito infeliz".

Vacinar políticos? "Governo fez disto uma alhada e não o devia ter feito"
Notícias ao Minuto

23:13 - 29/01/21 por Notícias ao Minuto

Política Francisco Louçã

O antigo dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã considerou a polémica em torno da vacinação contra a Covid-19 dos políticos uma "polémica muito infeliz", responsabilizando o Governo por ter deixado "em aberto" o enorme universo que é o dos titulares de cargos políticos.

O comentador defende que as principais figuras do Estado devem ser vacinadas (Presidente da República, ministros e pessoal que dirige a Proteção Civil), assim como os profissionais de saúde que ainda não foram todos vacinados e devem sê-lo "tão depressa quanto possível".

Ao deixar em aberto o grande universo dos titulares de órgãos de soberania, "o Governo fez disto uma alhada e não o devia ter feito", disse Louçã, assinalando que "foi preciso a intervenção do PR a dizer que não haverá mil pessoas que ficam à frente das prioridades da saúde pública" para clarificar o assunto.

"Não tem muito sentido que um deputado de 30 anos seja posto à frente de uma médica", exemplificou, defendendo o seu ponto de vista e que acabaria também por ser a posição genérica dos vários partidos que não quiseram ter especial prioridade na vacinação.

O Parlamento indicou esta sexta-feira 50 deputados para o processo de vacinação contra a Covid-19, comunicou o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, numa carta enviada ao primeiro-ministro, António Costa.

Fonte parlamentar disse à agência Lusa que entre os 50 deputados, num total de 230, estão o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, deputados do PS, PSD, PCP, PEV e uma das duas deputadas não inscritas.

Os titulares de órgãos de soberania, deputados da Assembleia da República, membros dos órgãos das regiões autónomas e presidentes de câmara, enquanto responsáveis da proteção civil, vão começar a ser vacinados na próxima semana.

No início desta semana, o primeiro-ministro enviou "cartas aos órgãos de soberania para que estabeleçam as prioridades para inoculação em cada um dos serviços".

Para o comentador, o Executivo, em vez de deixar a porta aberta, devia ter proposto logo as suas medidas e critérios e pedido aconselhamento das instituições.

Da forma como atuou "permitiu que houvesse esta confusão, até um certa corrida, por vezes com uns laivos demagógicos, quando se podia ter acertado tudo sem nenhuma pressão".

Em suma, tratou-se de um "episódio lastimável". "Espero que se ponha uma pedra sobre o assunto, sabendo exatamente quem é que é vacinado", firmou Louçã, acrescentando que casos como o do presidente da câmara de Reguengos de Monsaraz, o do presidente da Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez, assim como o da Diretora da Segurança Social em Setúbal, que quebraram a prioridade definida no plano de vacinação, não se podem repetir.

"Não se pode dar este sinal à população. A vacinação, tal como um tratamento médico, tem que ser de uma forma que dê garantias de segurança e de tranquilidade", defendeu.

"Privados perceberam que tinham passado o limite da vergonha"

Relativamente ao confinamento do país, Louçã considerou que este pode ser mais duradouro, como deu a entender Marcelo Rebelo de Sousa na declaração ao país.

"Na realidade, ninguém sabe. Sabemos que vai ser necessário agora, porventura já teria sido necessário reforçar-se as medidas, depois do desastre que foi o Natal", comentou o economista, traçando um cenário difícil para fevereiro em termos de internamentos mesmo que o confinamento resulte.

O impacto disso é, como já está acontecer, a "pressão sobre o sistema de saúde". Apesar dos casos, Louçã realçou que "há organização e capacidade de resposta que tem esticado". "O que não estica são os profissionais", lembrou.

O fundador do BE comentou ainda a atuação dos privados que "começaram agora a admitir doentes", depois de 11 meses de "uma extravagante disputa sobre preços". "Perceberam que tinham passado o limite da vergonha e que não podiam continuar a fechar portas", atirou.

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