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Presidenciais? "Três candidaturas de Esquerda foram derrotadas"

O ex-coordenador bloquista Francisco Louçã defende que, nas presidenciais, nem o BE foi punido nem o PCP recompensado pelo voto no orçamento, considerando ser "dever da esquerda" persistir num acordo sobre medidas essenciais que o Governo tem rejeitado.

Presidenciais? "Três candidaturas de Esquerda foram derrotadas"
Notícias ao Minuto

07:10 - 29/01/21 por Lusa

Política Presidenciais

Em declarações à agência Lusa no rescaldo das últimas eleições presidenciais, Francisco Louçã reitera que as "três candidaturas de esquerda foram derrotadas", tendo Ana Gomes tido apenas "uma vitória simbólica ao ficar à frente de André Ventura".

A antiga eurodeputada socialista, de acordo com o fundador do BE, teve "cerca de metade dos votos de Sampaio da Nóvoa e ficou muito atrás das votações de Manuel Alegre", não tendo polarizado os votos, "embora tenha beneficiado de um voto útil de eleitores do PCP e do Bloco", cujas candidaturas apoiadas por estes partidos, de João Ferreira e Marisa Matias, "foram derrotadas".

No entanto, para Francisco Louçã, uma candidatura única da esquerda não era opção, já que "era preciso haver um adversário que atemorizasse a população, como terá sido Cavaco Silva", o que não existia nestas eleições, e também "era preciso que houvesse um Jorge Sampaio do outro lado, que unificasse o povo das esquerdas", o que também não era uma realidade.

"Os resultados provaram exatamente isso. Havia candidaturas que foram fragilizadas pelas circunstâncias, mas nada indica que houvesse qualquer mudança na política portuguesa se das três candidaturas houvesse uma única porque simplesmente essa não polarizava os votos do PS e, portanto, não tinha uma expressão unificadora de criação de convergência", defende.

De acordo com o bloquista, "havia alguma especulação sobre se haveria uma punição ao Bloco por ter sido combativo no orçamento e uma recompensa ao PCP por ter cedido no orçamento".

"Essa narrativa provou ser ridícula porque não há nenhum efeito nem de punição nem de recompensa que seja legível nestes resultados", defende.

Considerando não poder haver uma transposição dos resultados destas eleições presidenciais para umas legislativas, o conselheiro de Estado deixa claro que estes "não podem ser desvalorizados" porque "têm muita leitura sobre a expressão de partes da sociedade portuguesa e sobre a forma como os medos são interpretados".

Para o futuro próximo e em ano de pandemia, na perspetiva de Louçã, não existe em Portugal instabilidade política, sendo a dúvida saber se o Governo "quer continuar a fechar os olhos às grandes questões da proteção social, da criação de emprego e da saúde - como fez para este ano no Orçamento do Estado - ou se aceita corrigir essas medidas".

"Acho que o país não perdoa se o Governo continuar a recusar um acordo sobre medidas tão essenciais. Persistir nisso é um dever que a esquerda tem em relação à população", defende.

Se o Governo socialista o fizer, então, "há uma fortíssima maioria para reestruturar o SNS, para que haja políticas de proteção social razoáveis e não ocasionais e sobretudo não publicitárias", antecipa o antigo coordenador do BE

"Quem disse, há uns meses, que tinha que se cumprir o compromisso e respeitar um plano estratégico para o pessoal de saúde, das profissões de saúde, tinha razão e era mais responsável e mais competente para governar do que quem fechou os olhos, que foi o Governo de António Costa", critica.

Sobre a possibilidade do regresso de uma geringonça na atual legislatura, Louçã é perentório: "o Governo fala que os partidos têm uma espécie de obrigação de apoiar as suas medidas. O Governo recusou que houvesse um acordo, que desse um contexto estrutural a uma cooperação. Recusou essa cooperação, matou a geringonça".

"O que poderá haver, e que houve no orçamento suplementar, foi um acordo para medidas de emergência para a proteção social. O que não houve no orçamento para este ano foi um acordo sobre a saúde e sobre outras medidas mais estruturantes para a proteção social", refere.

O antigo líder do BE avisa que Portugal vai "viver um ano muito pior do que o Governo parece estar a imaginar" devido à pandemia e por isso o executivo socialista tem uma obrigação: "não pode continuar a persistir na sua política de portas fechadas a soluções sobre estas questões decisivas".

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