Ventura carrega na vitimização e ensaia discurso evangélico
O candidato presidencial do Chega voltou hoje a vitimizar-se pelas constantes manifestações de minorias étnicas e ativistas antifascistas ("antifas") em resposta ao seu discurso extremado e comparou-se com um pastor evangélico, num comício debaixo de chuva, em Leira.
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Política Leiria
"A chuva que cai hoje do céu é sinal de que somos, estamos e continuaremos abençoados e no caminho certo", afirmou, num camião-palco, enquanto a depressão Gaetan trazia rajadas de vento e muita precipitação.
Ao redor, algumas dezenas de apoiantes com bandeiras, outros tantos "antifas" e cidadãos portugueses de etnia cigana e, no meio, um contingente semelhante da PSP.
"Estas eleições tornaram-se a eleição do Bem contra o Mal, dos portugueses de bem contra a minoria que pretende impor-nos as suas regras, a eleição dos portugueses que trabalham e pagam impostos e sentem, há 46 anos, que tudo é dado a alguns e tudo é tirado a quem contribui para Portugal", dramatizou.
Sempre muito performativo para as câmaras de televisão, o líder do partido da extrema-direita parlamentar subira antes à sede distrital, assomando-se depois à janela para acenar, embora ouvisse insultos como "palhaço, palhaço, palhaço!".
"À medida que gritam pelo país todo país - 'racista' e 'fascista' -, os subsídio-dependentes levarão de nós o mesmo 'cartão vermelho' que daremos a Marcelo Rebelo de Sousa e Ana Gomes", declarou.
O líder nacional-populista respondeu diretamente a um cartaz que o mandava ir para a terra dele, enquanto a maior parte das pessoas estavam abrigadas do temporal nas galerias do desativado hotel D. João III, com vista para o castelo da Cidade do Lis.
"A minha terra é Portugal porque é este país que eu amo e quero salvar. Não nos peçam para sermos mais moderados ou fofinhos porque estamos cansados de tanta destruição em Portugal", enfatizou, mobilizando um coro de buzinas de automóveis da sua caravana.
A comitiva do Chega rumou depois, com as barulhentas buzinas e a instalação sonora no máximo até ao Mosteiro da Batalha para homenagear o Soldado Desconhecido.
As eleições presidenciais realizam-se em plena epidemia de covid-19 em Portugal no domingo, sendo a 10.ª vez que os cidadãos portugueses escolhem o chefe de Estado em democracia. A campanha eleitoral começou no dia 10 de janeiro e termina sexta-feira (22 de janeiro).
Há outros seis candidatos: o incumbente Marcelo (apoiado oficialmente por PSD e CDS-PP), a diplomata e ex-eurodeputada do PS Ana Gomes (PAN e Livre), o eurodeputado e dirigente comunista, João Ferreira (PCP e "Os Verdes"), a eurodeputada e dirigente do BE, Marisa Matias, o fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan e o calceteiro e ex-autarca socialista Vitorino Silva ("Tino de Rans", presidente do RIR - Reagir, Incluir, Reciclar).
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