A angústia de um restaurante que vendeu só uma refeição em take-away
Angústia, incerteza e falta de apoios são os pratos principais na restauração em Portugal, sendo o "senhor Luís" o rosto da crise que a candidata Marisa quis mostrar, num restaurante que segunda-feira vendeu apenas uma refeição em 'take-away'.
© Global Imagens
Política Presidenciais
Se não estivéssemos em período de confinamento devido à pandemia, uma visita em campanha a um restaurante perto da hora do almoço teria sido feita no meio da azáfama de cozinheiros e empregados, barulho de pratos, talheres e copos e vozes, entre conversas animadas, enquanto se partilhava uma refeição.
O relógio marcava 12:30 e no pátio interior do restaurante 'A Casa do Peixe', em Setúbal, o único movimento era o dos jornalistas, que montavam o seu material enquanto aguardavam a chegada da candidata presidencial apoiada pelo BE, Marisa Matias.
Luís Rebelo - o "senhor Luís" como foi chamado por todos - trazia a lição bem estudada, papéis na mão e pensamentos alinhados na cabeça, e assim que cumprimentou Marisa e os microfones se alinharam começou a falar, durante uma dezena de minutos, de um setor "sem horizontes nenhuns, sem esperança nenhuma" e no qual a "incerteza é o nosso caos".
A candidata presidencial não precisou de fazer perguntas, o empresário apontou as "incongruências nos apoios à restauração" e seguiu até a linha - coincidência ou não - das críticas que a bloquista tem feito às falhas na preparação para as novas vagas da pandemia.
A solução para o senhor Luís está no Estado e, nesse caso, não há divisões entre Governo e Presidência da República.
"Para mim Estado é tudo porque se um faz, o outro é conivente e se um diz o outro é conivente. Toda esta situação em 10 meses foi de conivência geral, quer de um quer de outro", criticou.
Depois, a partir do microfone que está onde vai a candidata apoiada pelo BE, Luís Rebelo - que nesta campanha já tinha participado num um encontro online com empresários da restauração, publicidade e das tecnologias da informação promovido pela candidatura do comunista João Ferreira -- falou da "angústia e incerteza" do setor.
"Corremos o risco de fechar, o mealheiro está-se a acabar. Há vários colegas que vão literalmente fechar", lamentou.
Com uma quebra de cerca de 80% de faturação desde que começou a pandemia no seu restaurante, o empresário usa uma imagem bem conhecida de todos neste período no qual a covid-19 domina a atualidade.
"A máquina que muito se fala, os ventiladores, neste momento a restauração não tem um único ventilador. Já nem oxigénio, quanto mais ventilador", lamentou.
Na segunda-feira, o restaurante vendeu uma refeição para "take-away", a imagem da situação dramática que o setor atravessa.
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