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"Terminados os debates, a desilusão não poderia ser mais profunda"

Um artigo de opinião de Pedro Vaz, dirigente do PS, intitulado 'Os Debates Presidenciais'.

"Terminados os debates, a desilusão não poderia ser mais profunda"
Notícias ao Minuto

18:30 - 13/01/21 por Notícias Ao Minuto

Política Pedro Vaz

"No momento em que se encontra a decorrer uma campanha eleitoral para eleger aquele que será o Chefe de Estado e mais alto magistrado da nação para os próximos 5 anos e terminados que estão os frente-a-frente entre os candidatos nos canais televisivos, a desilusão não poderia ser mais profunda.

Desilusão porque a existência da pandemia levará à mais triste campanha eleitoral da história da nossa democracia, o que impedirá os candidatos de dialogarem e contactarem com aqueles a quem solicitam a sua confiança e voto e porque a comunicação social proporcionou que tudo fosse em torno de um candidato, cuja candidatura apenas serve para promover a sua popularidade e não a eleição do Presidente da República.

Infelizmente, o tempo que as televisões deram aos debates apenas serviram para continuar a promover a polémica e o “soudbyte”. Veja-se que foi dado mais tempo aos comentadores dos mesmos que aos próprios candidatos.

Não se viu uma pergunta sobre como os candidatos se relacionariam com as Forças Armadas enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas. Qual a sua atuação no quadro das organizações internacionais das quais Portugal faz parte (União Europeia, NATO, Nações Unidas, CPLP). Quais as principais linhas políticas da sua atuação ao longo dos próximos anos? Etc. etc.

Aquilo que vimos foram discussões sobre programas políticos para legislativas de vários partidos (sic!) e de normalização (felizmente apenas em parte) de afirmações que jamais poderiam ser aceites pela decência como é o caso das “defendo uma ditadura das pessoas de bem” ou “não serei presidente de criminosos e ciganos” e outras. Permitiu-se a mentira como é o caso da afirmação que existem pessoas a receber 2 mil euros de rendimento social de inserção e a perfídia da insinuação.

Tudo isto foi permitido.

Foi permitido que o candidato assumido de um partido político que tem na sua direção neonazis, supremacistas raciais, evangélicos que querem acabar com um estado laico e, ainda, que usa os “valores” da igreja católica (com o seu silêncio, diga-se), apesar de em contradição com a doutrina social da Igreja e de tudo o que o Papa Francisco tem dito e escrito, pudesse tudo afirmar sem a possibilidade de contraditório adequado. Como falar seriamente sobre RSI nos mesmos 30 segundos que se leva a dizer que se levantam cheques de RSI de 2 mil euros, para além de dizer que é falso?

Enquanto se aceitar que isto aconteça continuaremos em acelerada degradação da nossa democracia. Apesar de muitos assumirem estas eleições como tendo um vencedor antes mesmo de se realizarem, elas revestem-se de maior importância do que aparentam.

Só acredito em eleições ganhas antes de se realizarem em regimes ditatoriais. Portugal não é. Os resultados eleitorais resultam dos votos expressos em urna, sendo por isso relevante, que os democratas acorram às urnas para impedir que as ideias antidemocráticas e que querem destruir a constituição se arroguem no direito de cantar vitória, mesmo perdendo".

Pedro Vaz, dirigente do PS

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