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Muitos socialistas apoiam Marcelo? "Problema não é meu, é do próprio PS"

Ana Gomes - a candidata presidencial que surge em segundo lugar nas sondagens - foi entrevistada esta terça-feira na RTP. Rui Pinto, megaprocessos, apoios no PS, o Chega e o caso no SEF foram temas que estiveram em cima da mesa.

Muitos socialistas apoiam Marcelo? "Problema não é meu, é do próprio PS"
Notícias ao Minuto

21:07 - 22/12/20 por Notícias Ao Minuto

Política Ana Gomes

A candidata presidencial Ana Gomes foi a entrevistada desta noite na RTP e o 'tema' Rui Pinto esteve em cima da mesa logo no início. Questionada sobre como uma pessoa que está acusada de entrar ilegalmente em computadores de altas figuras pode ser tida como um "herói", a embaixadora destacou que o pirata "está a ser julgado e é tarefa do tribunal apurar se as acusações têm fundamento". Contudo, reforçou, o gaiense "prestou, indiscutivelmente grande serviço público a Portugal e a outros países, denunciando aqueles que se valem, por exemplo, do sigilo profissional para perverter a lei"

Mas os fins justificam os meios? Neste ponto, Ana Gomes foi taxativa: "Não estou a justificar. Agora a justiça tem de ter os meios para ir atrás dessa grande criminalidade que hoje se vale até das novas tecnologias". A embaixadora recordou também que estas ações "já permitiram a outros países recuperar milhões". 

Refutando que defende a ilegalidade, a ex-eurodeputada frisou que "quem tem de avaliar se houve ilegalidade é o tribunal e eu não me substituo aos tribunais. O que posso dizer é que há um extraordinário serviço público". "O Estado não pode ser ingénuo e não pode permitir que certos institutos que são feitos para defender as pessoas sejam pervertidos para por em causa o Estado de Direito". 

Ainda quanto a Rui Pinto, Ana Gomes sublinhou que defende "que as autoridades não podem desaproveitar os serviços de quem", como o hacker informático, "sempre quis colaborar com a justiça". "O serviço público indesmentível está lá". 

Mantendo o tema, a candidata a Belém foi questionada sobre se considera que, ainda hoje, há altas figuras que estão a impedir que a justiça funcione. A embaixadora advogou que "os portugueses sabem que há muitas disfunções na justiça [e] não é por falta de grandes agentes. É exatamente por isso que eu quero candidatar-me à Presidência da República". E explicou: "Sendo Presidente da República saberei, com respeito pela separação de poderes, mas no exercício da magistratura de influência, fazer a diferença". 

"Como Presidente da República o registo será outro"

Ana Gomes, habitual presença no Twitter, rede social onde coloca posts, comenta e (também) é um dos meios onde faz denúncias, garantiu que, caso seja eleita a 24 de janeiro, o seu registo será diferente daquele a que estamos habituados: "Como Presidente da República o registo será outro. Será o do exercício dos poderes que a Constituição confia a quem é Presidente em articulação leal com as outras instituições democráticas"

O 'papel' da denúncia ficará, espera, "noutras entidades e associações" que as continuarão a fazer. O problema, ressalvou, "é que depois não há seguimento pelos órgãos de justiça" e é "exatamente aí que como Presidente da República posso intervir", articulando com quem for PGR, deu como exemplo.

"Megaprocessos estão feitos, no fundo, para trabalhar para a prescrição"

Também o caso que envolve o antigo primeiro-ministro José Sócrates foi tema nesta entrevista no canal público, com a ex-eurodeputada a considerar que este "é um dos casos em que é escandaloso que até hoje não tenha começado o julgamento". "Nós sabemos que os megaprocessos estão feitos, no fundo, para trabalhar para a prescrição".

Dando também o exemplo do Caso BES, Ana Gomes referiu que "já há acusação mas, até hoje, não se iniciou o julgamento" e os "principais responsáveis podem viajar livremente, designadamente para a Suíça". "A organização de megaprocessos tem sido denunciado como um sistema errado que, efetivamente, torna a justiça lenta", acrescentando que "justiça demorada é justiça negada, em qualquer parte do mundo".

"Os megaprocessos não permitem que se faça justiça célere e, no fundo, permitem que o tempo decorra e, como já vi noutros processos, que depois se utilizem justificação que houve prescrição dos crimes para não se fazer justiça", avançou ainda, dando como exemplo o Caso dos Submarinos.

Apoios? "Sinto-me muito acompanhada por Socialistas"

Sobre os apoios que reúne dentro do seu próprio partido, o PS, a embaixadora considerou que se sente "muito acompanhada por Socialistas" em particular por "jovens". "Se temos, como indicam determinados elementos, alguns socialistas a apoiar candidatos de Direita, designadamente dirigentes, é capaz de haver aí um problema com o próprio Partido Socialista". 

Já se António Costa consta na lista de personalidades que Ana Gomes fica descansada que não a apoiem na corrida a Belém, a candidata disse "não". "António Costa é o primeiro-ministro e o secretário-geral do meu partido. Expressei publicamente a minha discordância em relação à atitude dele de lançar um candidato de Direita e de ser o responsável pelo PS não ter um candidato das suas próprias fileiras". 

"Se há tantos socialistas que apoiam um candidato de Direita o problema não é meu"

Confrontada com as sondagens, Ana Gomes foi perentória: "Se há mais de 60% de socialistas que apoiam um candidato de Direita... Acho que é preciso perguntar a esses socialistas e ao próprio PS [...] Se há tantos socialistas que apoiam um candidato de Direita o problema não é meu, é do próprio PS". 

Repetindo uma ideia que tem vindo a afirmar, a socialista reiterou que "Marcelo será e tem sido o grande desestabilizador", considerando novamente que a reeleição poderá ser 'perigosa', porque "se prepara para normalizar forças que têm o objetivo de destruir a Constituição". 

Dizendo também que não acredita nos resultados das sondagens, a ex-eurodeputada considerou "que os socialistas não são palermas e pensam pela sua cabeça". "É isso que tenho recebido de muitos socialistas que me têm acompanhado". 

Chega? "Não deveria ter sido legalizado"

"O Chega não deveria ter sido legalizado se fosse levado a sério o artigo da Constituição". Esta foi a posição de Ana Gomes quando confrontada com as suas posições acerca do partido liderado por André Ventura. "O que eu disse também é que pediria a reapreciação da legalidade aos órgãos próprios, não seria eu, enquanto Presidente da República, que iria tomar qualquer iniciativa de ilegalizar qualquer partido político"

Quem está no mais alto cargo da Nação, prosseguiu, "não pode abdicar de fazer um julgamento político, não é só o julgamento jurídico-constitucional". "Por consciência ética e política jamais como Presidente da República me furtaria a fazer o julgamento político que eu acho que tem de ser".

Ana Gomes seria "à partida" favorável a uma lei da Eutanásia

Se a lei da Eutanásia chegasse à mesa de Ana Gomes Presidente da República, a agora candidata referiu que "tinha de a ler", mas que, "à partida, seria favorável a uma lei da Eutanásia". "Não é uma questão ideológica, é uma questão de dignidade de cada um de nós"

Também comentando a posição de Eduardo Cabrita no Governo após o Caso SEF, a embaixadora considerou que "é António Costa que o está a segurar". "Incomodou-me também muito ver Marcelo instrumentalizar o Diretor da PSP". Para a socialista, "tudo o que se passou relativamente ao assassinato de Homeniuk pelo SEF é desastroso para Portugal".

Uma nota ainda para a polémica em que se viu envolvida por uma amiga lhe ter trazido de França uma vacina contra a Gripe de França: "Não foi um erro ter tomado a vacina, não fiz nada de ilegal [...] Chamei a atenção para o facto de não existirem vacinas para a gripe suficientes", concluiu.

[Última atualização às 22h25]

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