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'Piada' de Rio com Ihor nas redes sociais gera críticas, incluindo do PSD

O presidente do PSD referiu-se à morte do cidadão ucraniano nas instalações do SEF com ironia para comentar uma sondagem que aponta para uma subida do PS. Referência gerou revolta entre internautas e políticos.

'Piada' de Rio com Ihor nas redes sociais gera críticas, incluindo do PSD
Notícias ao Minuto

19:43 - 18/12/20 por Mafalda Tello Silva

Política PSD

Não é a primeira vez que os 'posts' de Rui Rio no Twitter causam indignação. Contudo, desta vez, uma publicação do presidente do PSD com menção a Ihor Homeniuk, o cidadão ucraniano que foi morto nas instalações do SEF em Lisboa, está a ser criticada por políticos até do próprio partido.

O comentário em causa do líder social-democrata foi partilhado, durante a noite de ontem, a propósito de uma sondagem do Expresso, que aponta para uma quebra acentuada nas intenções de voto no PSD.

"Eu, cá por mim, não precisava da sondagem do Expresso para nada. É mais do que evidente que, face aos últimos acontecimentos políticos, o Governo e o PS só podiam estar a subir. Mais uma morte no aeroporto e 'a coisa' vai à maioria absoluta. Força nisso!", escreveu Rui Rio.

Passadas 22 horas e atingidos mais de 380 comentários, várias são as críticas deixadas a Rui Rio pela referência ao cidadão ucraniano. "Usar a morte de um cidadão estrangeiro à carga do Estado é uma piadola para o Rio" e "É completamente indecente o que escreveu! (...) Portugal merecia mais decência por parte de todos. Lamentável!", são algumas das mensagens deixadas pelos internautas ao presidente do PSD.

Ainda sobre o 'post', o ex-líder parlamentar do partido, antigo presidente da JSD e braço direito de Luís Montenegro nas diretas contra Rio, Hugo Soares, não deixou de expressar a sua indignação, também num texto partilhado nas redes sociais: "Portugal merece mais. Já não bastava a irresponsabilidade política do MAI e do PM… Agora a falta de sentido de Estado do presidente do meu partido".

Mas, Hugo Soares não foi o único social-democrata incomodado com a "piada". Também numa mensagem divulgada no Facebook, a ex-ministra da Cultura, da igualdade e Cidadania e vice-presidente do PSD na liderança de Passos Coelho, Teresa Morais escreveu: "Esperei um desmentido, uma explicação, o reconhecimento de um deslize... Mas não. Há dias em que preciso de repetir baixinho o que me disse em tempos uma brilhante militante do meu partido : 'eles passam... nós ficamos!'".

Mais, as críticas não geraram apenas revolta no PSD. Do lado da família socialista, o deputado Tiago Barbosa Ribeiro considerou o comentário uma "indignidade de tweet" e o também parlamentar do PS e líder da JS, Miguel Costa Matos, defendeu que a "forma como Rui Rio se refere ao assassinato de Ihor Homenyuk" é de uma "ligeireza repugnante".

De acordo com a sondagem realizada pelo ISCTE e ICS para o Expresso e para a SIC, o PS continua a ganhar "terreno" nas sondagens. Se as eleições fossem hoje, vencia com 39%, enquanto o PSD obteria 25%, o pior registo dos sociais-democratas no espaço de um ano.

Em 30 de setembro, o Ministério Público acusou três inspetores do SEF do homicídio qualificado de Ihor Homeniuk. A 16 de novembro, a diretora nacional do SEF admitiu que a morte do cidadão ucraniano resultou de "uma situação de tortura evidente".

Logo após a morte de Ihor Homeniuk, o ministro da Administração Interna determinou a instauração de processos disciplinares ao diretor e subdiretor de Fronteiras de Lisboa, ao Coordenador do EECIT do aeroporto e aos três inspetores do SEF, entretanto acusados pelo Ministério Público, bem como a abertura de um inquérito à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI). Na sequência deste inquérito, a IGAI instaurou oito processos disciplinares a elementos do SEF e implicou 12 inspetores deste serviço de segurança na morte do ucraniano.

O caso levou, esta terça-feira, à quarta demissão no SEF. João Ataíde, então coordenador de inspeção, deixou o cargo depois das declarações de Cabrita no Parlamento. O governante admitiu que o coordenador e outros 12 inspetores estariam a ser investigados num processo disciplinar sobre as circunstâncias que levaram à morte de Ihor Homeniuk.

Cinco dias depois da morte do cidadão ucraniano, o Gabinete de Inspeção emitiu um parecer onde se afirmava que, tendo em contas as imagens de videovigilância, o serviço "não encontrou indícios de agressões e maus tratos a esse cidadão". Eduardo Cabrita considerou o documento, assinado por João Ataíde, "extremamente grave".

Além de Cristina Gatões e de João Ataíde, Sérgio Henriques e Amílcar Vicente, diretor e diretor-adjunto de Fronteiras de Lisboa, afastaram-se a 30 de março.

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