A candidata presidencial Marisa Matias entregou esta sexta-feira 12 mil assinaturas no Tribunal Constitucional (TC), formalizando assim a candidatura às eleições Presidenciais marcadas para o dia 24 de janeiro. Em declarações aos jornalistas, a bloquista reconheceu que recolher assinaturas em tempo de pandemia "exige um esforço muito maior".
"Mas, felizmente, houve muita gente dedicada e motivada, a quem eu agradeço", afirmou, particularizando o empenho dos jovens que se mobilizaram. "É com agrado que apresentamos o mesmo número de assinaturas [de 2015], em circunstâncias muito diferentes".
Marisa Matias defendeu que a sua candidatura "procura trazer uma resposta à crise, num momento tão crítico para o país, uma proposta de futuro", considerando que a Presidência da República é um "lugar onde se podem e devem fazer estas lutas pelos serviços públicos, pelo Serviço Nacional de Saúde, o combate à precariedade, o combate contra as alterações climáticas, a luta pela igualdade".
A candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda disse que "não é indiferente para o país o peso que poderá ter esta proposta".
Questionada sobre os resultados que obteve há cinco anos (10%), quando se candidatou a Belém, Marisa Matias respondeu não sentir que a fasquia está demasiado elevada, tendo em conta as recentes sondagens que lhe dão apenas 5%. "Não. Ainda não começamos a campanha. Estamos só agora a formalizar a candidatura", argumentou, recordando que há cinco anos, nesta altura, "todas as sondagens davam valores muito abaixo do que aqueles que estão a ser dados" agora. "Temos todo o debate pela frente, com muita convicção e esperança de poder reforçar esse resultado", afirmou a eurodeputada bloquista.
Interrogada sobre se não seria melhor desistir e apoiar a candidatura de outra mulher de esquerda, Marisa Matias voltou a dizer que "nunca pediria isso à Ana Gomes". "O que eu entendo é que é preciso haver candidaturas que representem alternativas para o país. Estamos a falar de uma primeira volta e estamos a falar de uma necessidade de todos os projetos serem representados", sublinhou, lembrando novamente as suas bandeiras.
"Não creio de maneira nenhuma que possamos entender formas de desvirtuar a democracia, é um combate democrático, todas as propostas são bem-vindas, sobretudo as de natureza democrática", sinalizou. Perante a insistência dos jornalistas, Marisa Matias afirmou: "Os eleitores conhecem-me há vários anos e sabem perfeitamente que desistir não faz parte da minha trajetória e não é isso que pretendo".
A candidata presidencial reiterou a sua intenção de, caso seja eleita, não empossar qualquer Governo que dependa do partido da extrema-direita parlamentar Chega por considerar que o mesmo não respeita as regras constitucionais e democráticas.