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"O MRPP foi uma escola política que eu não renego"

Ana Gomes foi a entrevistada desta segunda-feira de Miguel Sousa Tavares, no âmbito das entrevistas aos candidatos às eleições presidenciais de 2021.

"O MRPP foi uma escola política que eu não renego"
Notícias ao Minuto

21:17 - 14/12/20 por Natacha Nunes Costa

Política Ana Gomes

Ana Gomes, candidata independente a Belém, foi a entrevistada desta segunda-feira de Miguel Sousa Tavares, na série de entrevistas que o comentador está a realizar, na TVI, no âmbito das eleições presidenciais, que se realizam no dia 24 de janeiro.

Uma das questões abordadas durante o encontro foi a militância da antiga eurodeputada no MRPP, antes do 25 de abril.

Ana Gomes começou por garantir a Miguel Sousa Tavares que não está arrependida de ter sido militante deste polémico partido e que este "esteve do lado certo no 25 de novembro".

"Não me arrependo de ter sido militante do MRPP. O MRPP foi uma escola política, uma grande escola de cidadania que eu não renego", frisou, relembrando, contudo, que se afastou do partido em janeiro de 76, após a Revolução dos Cravos, porque chegou à conclusão que "a democracia tinha de ser construída por todos nós".

Já sobre o Chega, Ana Gomes reiterou que este "nunca devia ter sido legalizado porque é um partido xenófobo, racista e tem o propósito de destruir a democracia" e garantiu que pedirá à Procuradoria-Geral da República (PGR) a "reapreciação da legalidade do Chega" se for eleita Presidente da República.

Ao ser questionada sobre a sua comparência num debate frente a André Ventura, Ana Gomes afirmou que nunca faltaria ao encontro, mas admitiu que se recusaria a apertar a mão ao deputado.

"A André Ventura darei um cumprimento sanitário", atirou, lançando ainda farpas ao atual Presidente da República sobre este assunto.

"Marcelo Rebelo de Sousa está a normalizar um partido racista e xenófobo, não tem combatido as infiltrações de direita nas forças de segurança [...]", sublinhou, acrescentando que é "incompatível" um Chefe de Estado jurar a defesa da Constituição e dar posse a um Governo sustentado pelo partido de André Ventura, por se tratar de uma força política "que quer destruir a Constituição".

"Não somos o país perfeito, mas podemos ser dos melhores do mundo"

Questionada sobre as causas que a levam a candidatar-se à Presidência da República, Ana Gomes enumerou "a do Estado de Direito, da Democracia, da transparência nos cargos públicos" e o objetivo de "voltar a dar confiança aos cidadãos na Justiça", recordando o "terrível assassínio do cidadão ucraniano no SEF".

Já confrontada com as suas frequentes críticas ao país, a socialista recusou a ideia de não gostar de demasiadas coisas em Portugal.

"Gosto de tudo em Portugal! Não somos o país perfeito, mas podemos ser dos melhores do mundo. Tenho muita admiração pelos portugueses, temos é um problema de organização e é por isso que, lá fora, os portugueses fazem sucesso. Os portugueses são gente de qualidade", esclareceu.

"Quem governa é o Governo, mas não deixarei de exercer uma magistratura de influência"

Sobre os poderes presidenciais, Ana Gomes salientou que todos são "para ser usados", mas garantiu que respeitará "a separação de poderes, tal como está consagrado na Constituição".

"É claro para mim que quem governa é o Governo, mas não deixarei de exercer uma magistratura de influência e esta pode fazer uma enorme diferença. Na Justiça, por exemplo, de certezinha que farei uma grande diferença, estarei muito atenta", esclareceu.

"A TAP é uma empresa estratégica para Portugal"

Já quanto à reestruturação da TAP, Ana Gomes defendeu que esta é "uma empresa estratégica para Portugal".

"Se não houvesse TAP não tínhamos 'hub' intercontinental em Portugal e devemos tentar ter. A TAP foi o principal exportador de Portugal, é uma empresa com um número imenso de empregos, é uma empresa que tem de ser defendida. Estamos a ver todos os outros países a acorrerem às suas companhias e, portanto, eu penso que devemos fazer isso", clarificou, acrescentando que "é preciso gastar dinheiro na TAP".

"As instituições democráticas foram em muitos aspetos pervertidas, capturadas"

Por fim, sobre o combate à corrupção, que tem sido uma das principais bandeiras da ex-eurodeputada, Ana Gomes acoutou que "a Justiça tem de se servir dos meios ao seu alcance para poder ser eficaz, sobretudo, quando tem de fazer face ao crime financeiro, económico, altamente organizado".

"O Estado de Direito está a ser pervertido quando, por exemplo, algumas sociedades de advogados, algumas empresas ditas consultoras fiscais se servem do sigilo profissional para serem aí que se fazem os esquemas de lavagem de dinheiro, fuga ao fisco [...]", salientou.

Já em jeito de conclusão, Ana Gomes referiu que "as instituições democráticas foram em muitos aspetos pervertidas, capturadas," e defendeu que, por terem deixado "de dar resposta aos cidadãos", foram culpadas por deixar "crescer os populistas que têm uma agenda de destruição da democracia".

Leia Também: Ana Gomes diz que partido Chega não deveria ter sido legalizado

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