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Sá Carneiro "era um homem de coragem. Com ela nasceu, viveu e morreu"

O Presidente da República e antigo líder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, e o atual presidente do partido, Rui Rio, assinalam hoje os 40 anos da morte do fundador Francisco Sá Carneiro numa iniciativa da JSD.

Sá Carneiro "era um homem de coragem. Com ela nasceu, viveu e morreu"
Notícias ao Minuto

16:17 - 04/12/20 por Sara Gouveia

Política Sá Carneiro

O Presidente da República e antigo líder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa assinalaram hoje os 40 anos da morte do fundador Francisco Sá Carneiro numa iniciativa da JSD, no Grémio Literário, em Lisboa.

"Apreciador de cada dia como se fosse o último, excecionalmente inteligente, culto da cultura de raíz e da cultura da leitura, sagaz, implacável no argumento, incisivo no humor, ou seja, como sempre seria uma irrequieta e inquieta força da natureza. Como amigo devo-lhe dias e noites inesquecíveis", começou por enumerar Marcelo Rebelo de Sousa sobre Sá Carneiro.

O chefe de Estado recordou o amigo "muito impressivamente" como "um militante desde os primórdios da causa do Partido Popular Democrático", mais tarde Partido Social Democrata. "No PPD, como no PSD, pude presenciar o fazer e o refazer de um dos pais civis da nossa democracia. Ele próprio a referência histórica por natureza da fundação do partido", continuou.

"O democrata, o civilista, o autor de um partido tido por impossível, inviável, sem espaço político à nascença, sem internacional a apadrinhar, sem aparente lugar possível entre a revolução e a contra revolução radicalizadas, entre as esquerdas múltiplas e o centro-direito e a direita democráticas a construírem-se. Entre o MFA e a sociedade civil, entre o Partido Socialista hegemónico e tudo mais em constante redefinição", lembrou.

Ao "militante de primeira hora do PPD-PSD", Marcelo considerou dever-lhe "o reconhecimento pela missão impossível tornada possível de ter construído um partido galvanizante a partir de quase nada e por várias vezes".

Como cidadão, o Presidente evocou dois traços sobre Sá Carneiro, um positivo e um negativo:

  • "Francisco Sá Carneiro teve muitas, mas mesmo muitas, vezes razão antes do tempo, ao querer acelerar uma democracia civil e um regime económico de mercado mais europeu e menos ligado ao tempo revolucionário. Ao querer mais Europa mais cedo. Viu antes e quis antes, mas infelizmente já não pôde viver para viver aquilo que antevira e quisera".
  • "O pesar que não me abandona, enquanto cidadão, de a nossa democracia nunca ter podido, no plano jurisdicional, carrear dados probatórios bastantes para se provar se Camarate foi acidente ou foi crime".

Em Camarate morreram, além de Francisco Sá Carneiro, Snu Abecassis, Adelino Amaro da Costa, Maria Manuela Amaro da Costa, António Patrício Gouveia, Alfredo de Sousa e Jorge de Albuquerque. "A derradeira decisão judicial elenca razões para não poder ser provado que tenha havido crime, mas também considera não haver prova bastante para concluir que tenha havido acidente", sublinhou.

"Como Presidente da República recordo como todos os sucessivos Presidentes homenagearam Francisco de Sá Carneiro, e alguns de nós o condecoraram com as mais significativas ordens honoríficas. Mais do que esse facto já de si simbólico, é a unanimidade na gratidão a quem em menos de seis anos de vida em democracia amargou de modo indelével em pilares fundamentais, num dos partidos fundadores e matriciais, numa aliança que abriu perspetivas reformistas no exercício do poder, em opções externas e internas que criaram consensos de regime, em traços de caráter, de personalidade, de racionalidade, de sentido institucional de Estado e de coragem, que ficaram e ficarão no património de um regime que ajudou a fundar e que refundaria, as vezes que entendesse necessário fazer", descreveu ainda.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, o "homem que hoje evocamos era um homem de coragem". "Com ela nasceu, com ela viveu, com ela morreu e morreu exatamente como viveu: em luta. Mas não morreu, nem morrerá a sua memória e o seu exemplo, são hoje património de um partido, mas sobretudo património de Portugal", rematou.

Recorde-se que a 4 de dezembro de 1980, Francisco Sá Carneiro, então primeiro-ministro, e Adelino Amaro da Costa, ministro da Defesa, morreram na queda do avião Cessna quando partiram de Lisboa para um comício de campanha no Porto, assim como a tripulação e restante comitiva: Snu Abecassis, Manuela Amaro da Costa, António Patrício Gouveia, Jorge Albuquerque e Alfredo de Sousa.

Inicialmente, o motivo da queda foi atribuído a um acidente, mas, anos mais tarde, após várias comissões parlamentares de inquérito, ganhou força a tese de atentado, nunca tendo sido incriminados os suspeitos da alegada sabotagem da aeronave.

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