Fim de ciclo? "Daqui a um ano, quem estará em maus lençóis será Rio"
Vital Moreira rejeita a tese sobre a aproximação do fim do atual ciclo politico veiculada por alguns comentadores.
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Política Vital Moreira
Num artigo de opinião publicado no blogue Causa Nossa, Vital Moreira considera "assaz precipitada, para não dizer de todo infundada, a tese veiculada por alguns comentadores políticos sobre os sinais de aproximação do fim do atual ciclo político, por incapacidade do PS para continuar a agregar o necessário apoio parlamentar, especialmente em termos orçamentais".
O constitucionalista fundamenta a sua opinião socorrendo-se da mais recente sondagem em que "o PS consegue alcançar o apoio eleitoral (...), mantendo o PSD a 13 pontos percentuais de distância e somando mais do que todas as direitas juntas", em plena pandemia e no meio da crise económica e social.
Perante este cenário político, "não se vê como é que algum partido da oposição pode estar interessado em provocar uma crise política e a antecipação de eleições", escreve o antigo eurodeputado do PS, considerando que tal "seria politicamente suicidário".
Para Vital, aliás, "o último partido a desejar esse desfecho é o próprio PSD", partido que "não dá mostras de articular uma alternativa de governo credível e que se tem fartado de dar tiros no próprio pé, como a admissão de alianças de governo com o Chega e as irresponsáveis votações no orçamento".
Mas, acrescenta, "o PS agradece. Tenho para mim que a tese do 'fim do ciclo político' não passa de 'wishful thinking' dos seus defensores", sublinha Vital.
Paralelamente, o constitucionalista não vê razão para que a situação política favorável ao PS não se mantenha no próximo ano, não existindo "nenhum percalço imprevisto".
Em primeiro lugar, "a vacina contra a Covid-19 vai mudar tudo, sendo de admitir que antes do verão do próximo ano já se terá adquirido uma imunidade social suficiente para retomar a vida normal, em Portugal e na Europa, permitindo a recuperação da economia e do emprego, incluindo a retoma dos fluxos turísticos e a reanimação do sacrificado setor turístico".
Por outro lado, defende Vital, "mesmo que o monte de dinheiro da 'bazuca' europeia demore algum tempo a chegar, a antecipação do investimento público e privado que ela financiará terá alterado o clima económico e as perspetivas das empresas".
Assim, "ultrapassada a pandemia e com a economia a recuperar a ritmo acelerado, não existe nenhuma razão para que o PS não ganhe folgadamente as eleições autárquicas de outubro e para que o Governo não consiga pôr de lado mais mil milhões de euros para comprar o PCP na votação do orçamento daqui a um ano", prevê, vaticinando: "Se as coisas se passarem assim, então quem estará em maus lençóis não será o PS e António Costa, mas sim o PSD e Rui Rio!".
E conclui ainda que "se a oposição não se apresentar como alternativa de governo consistente, a derrota do Governo pode demorar muito mais tempo e a vitória da oposição, quando vier, pode ser menos concludente do que deseja", acusando o PSD de fazer uma "oposição inconsistente, caprichosa e 'guerrilhenta', imprópria das responsabilidades de um partido de vocação governamental" e de não apresentar uma proposta de governo "minimamente confiável".
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