Em resposta a questões dos jornalistas, no final de uma iniciativa nas instalações do jornal Público, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a avançar uma data para o anúncio aos portugueses da sua decisão quanto a uma candidatura às presidenciais de 24 de janeiro: "Em princípio, quando eu decidir sobre a matéria de me candidatar ou não, é nesse momento que conhecerão".
"Neste momento, continuo a considerar que é mais importante ser Presidente da República, só, a ser Presidente da República e candidato presidencial. É bom que fique claro que há decisões que têm de ser tomadas como Presidente da República, em pleno estado de emergência, em plena pandemia, em que é bom não estar a misturar com candidaturas presidenciais", justificou.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que isso "não impede os candidatos de dizerem do Presidente da República tudo o que quiserem, porque a democracia é isso, é a liberdade", e que anunciará a sua decisão sobre uma candidatura a um segundo mandato "a seu tempo, quando for entendido adequado".
"Porque eu, de facto, fui eleito para ser Presidente da República até 9 de março, não fui eleito para preparar uma recandidatura. E, portanto, é mais importante o mandato como Presidente da República do que a decisão sobre se sou ou não candidato a um novo mandato presidencial. Foi para o primeiro caderno de encargos que eu fui eleito e que os portugueses me pagam. Pagam-me para eu ser Presidente da República, não me pagam para eu ser candidato a uma reeleição", argumentou.
Interrogado sobre que fatores estão a condicionar na sua decisão, tendo em conta que "a saúde está boa", o chefe de Estado retorquiu: "Isso é bom, dizer-me que a saúde está boa, eu gosto muito da sua opinião, é uma opinião importante, embora não necessariamente médica".
Na terça-feira, o Presidente da República marcou as eleições presidenciais para 24 de janeiro de 2021.
Nos termos da Constituição e da lei, as candidaturas têm de ser apresentadas formalmente junto do Tribunal Constitucional até 24 de dezembro, 30 dias antes das eleições, propostas por um mínimo de 7.500 e um máximo de 15.000 cidadãos eleitores, e a campanha eleitoral decorrerá entre 10 e 22 de janeiro.
Eleito nas presidenciais de 24 de janeiro de 2016, à primeira volta, com 52% dos votos expressos, Marcelo Rebelo de Sousa tomou posse em 9 de março de 2006, e ao longo do seu mandato manteve a recandidatura em aberto.
Recentemente, em entrevista à RTP, remeteu a sua decisão para "finais de novembro, princípios de dezembro", após marcar a data das eleições.
Em fevereiro deste ano, Marcelo Rebelo de Sousa tinha afirmado que iria primeiro convocar as eleições "como Presidente", e só depois eventualmente assumir uma candidatura, "como cidadão".