Com "cheguização do PSD", PS só poderá governar sem maioria à esquerda
A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu hoje que, com a "'cheguização' do PSD" e "fracassada a ambição da maioria absoluta", o PS "só poderá governar se procurar um acordo com a esquerda".
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Política Catarina Martins
"Quero mesmo agradecer ao dr. Rui Rio. Nos últimos anos, ninguém fez tanto em tão pouco tempo pelo reforço da posição da esquerda como o dr. Rui Rio. Ao escolher uma aliança com a extrema-direita xenófoba, o PSD isolou-se, mas também mostrou ao PS que, fracassada a ambição da maioria absoluta, só poderá governar se procurar um acordo com a esquerda", avisou Catarina Martins na reta final do seu discurso de encerramento da discussão do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), com o voto contra do BE já a anunciado.
Na perspetiva da líder do BE, "nesse caminho à esquerda, sem amparo da direita, o PS terá de negociar o que até agora pensou que podia recusar", como "um SNS com a capacidade suficiente e carreiras profissionais em exclusividade, uma proteção social baseada no emprego e no combate à pobreza e o fim das leis laborais da troika".
"Não foi agora, mas será. Com a 'cheguização' do PSD, o PS terá sempre que fazer uma escolha essencial: ou procura a direita, mas essa direita já não existe, ou faz um contrato para políticas sociais que façam uma maioria que proteja Portugal", antecipou, dirigindo-se diretamente ao primeiro-ministro.
Os bloquistas registam "alguns avanços na especialidade do orçamento, sobretudo na proteção social, onde haverá uma cobertura um pouco maior do que a inscrita inicialmente pelo Governo".
"Ainda bem, mas os problemas centrais mantêm-se", referiu, justificando assim o voto contra do BE.
No entanto, a coordenadora bloquista não esqueceu a aprovação conseguida da proposta do Novo Banco.
"Foi necessário o parlamento - apesar do PS e das cambalhotas de alguns - aprovar a medida básica: primeiro conhece-se a conta e só depois se paga. Nenhum contrato pode exigir o contrário, nem mesmo o do Novo Banco", referiu.
De acordo com Catarina Martins, no momento em que é votado OE2021, "ele já está desatualizado", sendo talvez este "o maior problema da proposta do Governo e do nosso debate", uma vez que "este orçamento pertence a um outro tempo".
"Mas o maior fator de instabilidade não foi essa recusa de um acordo com a esquerda e nem mesmo o desrespeito pelos compromissos. Foi mesmo o improviso e a impreparação na resposta à segunda vaga da pandemia", criticou.
Para a bloquista, "não faltou ao Governo nem poder nem dinheiro, com o estado de emergência e o orçamento suplementar".
"O Bloco não faltou ao Governo e não se arrepende. Mas faltou o Governo", criticou, apontando que "a política das margens" ou dos mínimos já não convence quase ninguém".
Bem podem, continuou Catarina Martins, o "Governo e o Partido Socialista chorar a instabilidade destes dias, a dificuldade da crise ou repetir incessantemente que o Bloco desertou da esquerda ou das soluções para o país".
"Na verdade, a instabilidade e a dificuldade política acrescida destes dias são resultado da deserção do governo e do Partido Socialista de uma resposta consistente à crise e de soluções capazes. Um orçamento que, como diz o primeiro-ministro, é de continuidade, não responde a estes tempos excecionais", contrapôs.
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