Santos Silva: PS singulariza-se por nunca dissociar liberdade e igualdade
O presidente do Conselho Coordenador do Fórum Mário Soares, Augusto Santos Silva, defendeu hoje que o PS se singulariza no espaço democrático por nunca dissociar ou hierarquizar os valores da liberdade e da igualdade.
© Reuters
Política Augusto Santos Silva
Augusto Santos Silva, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, falava numa conferência promovida pelo Fórum Mário Soares, que se realizou por videoconferência a partir do Porto e que foi dedicada à solidariedade em Portugal e no mundo.
Falando após uma breve primeira intervenção sobre os valores políticos dos socialistas portugueses, que esteve a cargo do eurodeputado e líder da Federação do Porto do PS, Manuel Pizarro, Augusto Santos Silva recorreu ao ideário dos valores da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade.
"O que nos singulariza no grande espaço da esquerda democrática europeia e de outros continentes é o facto de nós nunca desligarmos a liberdade da igualdade, nem hierarquizarmos. Para nós, a liberdade é o ar que respiramos e a igualdade é a condição da liberdade. Não somos livres se formos demasiado desiguais e não somos livres se a nossa liberdade se fizer da opressão sofrida por outros", sustentou.
Em suma, de acordo com o membro do Governo, no PS "não se dissocia liberdade e igualdade".
"Pelo contrário, desde o século XIX, a esquerda a que nós pertencemos procura combinar as duas coisas. Por isso mesmo, logo na Revolução Americana, os nossos antecessores colocaram logo a questão de saber como é que uma sociedade podia dizer-se livre sendo ao mesmo tempo uma sociedade assente na escravatura", referiu Augusto Santos Silva.
Na sua intervenção, o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros procurou desenvolver o conceito de solidariedade, considerando que se trata "do caminho indispensável para que se consiga unir liberdade e igualdade".
"A solidariedade tem a ver com aquilo que nós precisamos de fazer uns em relação aos outros para que todos beneficiem da liberdade e da igualdade", declarou.
A liberdade, resumiu Augusto Santos Silva, "é capacidade de fazer juízos, controlar o poder, de tomar decisões, de organizar as vidas, de fazer escolhas", enquanto a igualdade coloca-se na perspetiva "perante a lei, de não discriminação", mas também em matéria de "oportunidades".
"É a igualdade que resulta de ciclicamente o Estado ter de intervir a favor dos que estão em situação mais desigual para corrigir. É este caminho que implica a ideia de agir solidariamente. Portanto, a justiça social, o que ela significa nas políticas públicas - como, por exemplo, a redistribuição -, as políticas de proteção social, os serviços públicos, que garantem a correção das desigualdades essenciais ao exercício das liberdades, tudo isso tem a ver com a solidariedade", defendeu.
Para o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, solidariedade é a pertença "ao mesmo espaço comum".
Um espaço que tem como objetivo definir "aquilo que é preciso fazer, quer do ponto de vista das políticas públicas, quer do ponto de vista das instituições, quer, ainda, do ponto de vista dos sistemas públicos, para que a liberdade seja garantida e a igualdade conseguida", concluiu.
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