No dia 15 de setembro deste ano, um bebé, com apenas 21 dias de vida, foi deixado à porta do Centro Social Batista, no Cacém. Junto a ele trazia um bilhete, escrito pela mãe, onde esta afirmava que seria por amor que estaria entregar o filho. Segundo o reportado na altura, a família havia sido despejada e, desesperada, esta mãe entregou o filho para que não lhe faltasse um teto.

Esta não é situação isolada, e com o escalar da crise económica, provocada pela pandemia, muitas são as famílias que têm visto a sua vida a deteriorar-se.

É para evitar situações como estas, e com o objetivo de prestar “apoio económico e social” às famílias, que a vereadora do PSD na Câmara Municipal de Lisboa Teresa Leal Coelho apresenta hoje, em reunião privada, uma proposta que visa “aliviar as famílias”, sejam elas residentes nos bairros municipais ou de qualquer outra parte de Lisboa. O importante é não "burocratizar" estes apoios.

Loja Municipal do Bebé, um apoio para todas as famílias de Lisboa

Teresa Leal Coelho reconhece que os últimos meses têm sido de “enorme vulnerabilidade para jovens mães,” o que tem resultado num maior “abandono de crianças”.

“Tem sido dramático”, afirma a social-democrata, referindo ao Notícias ao Minuto que “é do nosso entendimento que a Câmara Municipal de Lisboa, neste período de dificuldade, pode disponibilizar bens essenciais para aliviar as famílias”.

A vereadora vai, por isso, apresentar hoje, em reunião da Câmara, a sua proposta para a criação da Loja Municipal do Bebé, um local onde as famílias podem, numa primeira fase, procurar bens de primeira necessidade, como fraldas, toalhitas, papas e leites e, numa segunda fase, equipamentos que podem ser doados por famílias que já não os usam, como berços ou carrinhos de bebé.

De acordo com Teresa Leal Coelho, a Loja Municipal do Bebé pode ser “implementada em mais do que um sítio da cidade”, sendo este, no entanto, um assunto a ter de ser acertado “com o executivo municipal, que é quem gere o património” da cidade.

“Há muito património da CML que não tem utilidade. Nos bairros municipais essa é uma realidade. Mas entendemos que esta loja não é destinada apenas a pessoas dos bairros municipais, é para todos os cidadãos de Lisboa”, reforça, referindo que este é um apoio que se destina também à “classe média, uma vez que também está a passar por dificuldades e vai passar ainda mais, tendo em conta que a pandemia se prolonga”.

“Este não é um projeto só para pessoas de bairros municipais. É para eles e para todas as outras. Não queremos que haja estigmatização em relação a esta loja a este tipo de apoio que a Câmara dá”, explica, acrescentando que não vão ser exigidos comprovativos da situação financeira das famílias para ter acesso a este apoio, uma vez que isso seria estar “a criar obstáculos” e estar a “burocratizar” esta ajuda.

“A ideia é qualquer pessoa poder aceder. Agora fica na consciência de cada um ter essa necessidade”, atira.

A proposta para a criação da Loja Municipal do Bebé vai ser apresentada e discutida esta manhã. Segundo Teresa Leal Coelho, este é um apoio que já vinha sendo pensado há algum tempo, até pela possibilidade de gestão de consumo das famílias, mas que ganhou maior impacto com a situação que o país atravessa. Reconhece, contudo, que a par deste apoio "muito mais tem de ser feito".

"Temos trabalhado num grupo de trabalho económico e social dentro da CML que envolve todos os grupos políticos com assento. Temos pensado num conjunto de medidas de apoio às famílias e vamos continuar a fazê-lo", garante.

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