PSD diz que foi "travão" à proposta do Governo sobre contratação pública
O líder parlamentar do PSD defendeu hoje que o partido "funcionou como travão" à uma "má" proposta de lei inicial do Governo sobre contratação pública, e recusou que os sociais-democratas tenham negociado com o executivo.
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Política Partidos
Na reunião da bancada de hoje o presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, Marques Guedes, e o deputado Jorge Mendes informaram o grupo parlamentar que o partido está em conversações há quatro meses com o PS sobre o diploma que pretende alterar as regras da contratação pública e que existe um princípio de acordo, cuja conclusão depende de os socialistas respeitarem algumas "linhas vermelhas", um processo a que Adão Silva recusa chamar negociação.
"O PSD foi desafiado pelo Governo para participar neste processo, quero aqui frisar - porque as palavras são muito importantes -, o PSD não negociou nada com o Governo sobre esta matéria, o PSD fez críticas, objeções e apresentou propostas", afirmou Adão Silva, em declarações aos jornalistas.
O presidente da bancada referiu que "o sentido de voto do PSD não está fechado nem pode estar" e reiterou que o partido tem "algumas linhas vermelhas incontornáveis", que não quis revelar quais são.
"O Governo conhece-as, mas vão no sentido de travar o que era uma má proposta de lei e responder às incomodidades de várias entidades que se pronunciaram sobre a proposta. Dizem-me que 95% das objeções dessas entidades foram acolhidas", afirmou.
"Em boa verdade, o PSD funcionou aqui como uma espécie de travão à proposta de lei inicial que o Governo trouxe ao parlamento", acrescentou.
Adão Silva defendeu que o texto inicial "enfermava de vários erros, várias incompletudes" e que o PSD respondeu ao desafio do Governo de participar neste processo porque "entende que tem uma responsabilidade perante o país e os portugueses".
"Ajudar a fazer leis corretas, adequadas e que respondam às necessidades dos portugueses, sobretudo num momento em que vão chegar fundos significativos ao país", defendeu.
Adão Silva remeteu para sexta-feira a apresentação das propostas do PSD (o prazo para a entrega de propostas de alteração termina na sexta-feira, às 15:00) e o desfecho do processo para a reunião da Comissão de Economia da próxima quarta-feira, que deverá concluir a discussão na especialidade.
Questionado se haverá um texto comum elaborado pelos dois partidos, o líder parlamentar do PSD respondeu: "Vamos ver", voltando a recusar o termo negociação.
"Não é uma questão de negociação, é de afirmação absoluta, se o Governo quiser ir por ali e estar de acordo connosco, com as nossas objeções e propostas é de uma maneira. Se o Governo não aceitar, é de outra maneira", afirmou.
Sem querer entrar em detalhes, Adão Silva admitiu como "matéria resolvida" uma das que tem gerado mais polémica, o teto para que se possam fazer ajustes diretos.
"Este não era o caminho que o PSD empreenderia para fazer uma alteração a estas leis (...) Temos empenho em que se encontre uma lei adequada para o país que garanta a operacionalização dos fundos, mas que cumpra as exigências de rigor e transparência", afirmou.
Na reunião, de acordo com relatos feitos à Lusa, a posição do PSD mereceu reparos por parte de alguns deputados, com Duarte Marques a referir que "tão importante como a proposta é a forma de a comunicar" ou a ex-líder da JSD Margarida Balseiro Lopes a lembrar que os eurodeputados do PSD em Bruxelas questionaram esta semana a Comissão Europeia sobre o texto inicial do Governo - com críticas ao documento - e que a coincidência com a não recondução do presidente do Tribunal de Conta deixa o partido numa "posição difícil"
Em causa está uma proposta de lei, que entrou no parlamento em junho e ainda se encontra em discussão, que estabelece medidas especiais de contratação pública e altera o Código dos Contratos Públicos, com o objetivo, segundo o Governo, de os simplificar e desburocratizar, aumentando a eficiência da despesa pública.
A proposta tem recebido críticas de várias entidades, entre as quais o Tribunal de Contas, que apontou para riscos de "práticas ilícitas de conluio, cartelização e até mesmo de corrupção".
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