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SNS "frágil". "O mais cruel é que mesmo sem pandemia estaríamos assim"

Coordenadora do Bloco de Esquerda acusou o Governo de não ter cumprido a contratação e o investimento no Serviço Nacional de Saúde que estavam consagrados no Orçamento do Estado para este ano. Primeiro-ministro garante que metas serão alcançadas.

SNS "frágil". "O mais cruel é que mesmo sem pandemia estaríamos assim"
Notícias ao Minuto

15:56 - 07/10/20 por Notícias Ao Minuto

Política BE

Dando seguimento ao tema trazido por Rui Rio, Catarina Martins disse, na primeira intervenção do debate com o primeiro-ministro, esta quarta-feira, que de facto há mais mortalidade no país do que aquela que a Covid-19 pode explicar.

"E também não é explicável por onda de calor, porque houve meses em que não existiu onda de calor, e essa mortalidade foi acima, como aconteceu por exemplo em julho", atirou a coordenadora do Bloco de Esquerda. 

Sobre o estado em que se encontra o Serviço Nacional de Saúde, Catarina Martins afirmou que não basta identificar os problemas, é preciso também fazer propostas para o solucionar.

"O BE vem identificando o problema há bastante tempo e a fazer propostas. É verdade que em Portugal há pessoas que esperam e desesperam por um exame, uma consulta ou uma cirurgia. E do mesmo modo é verdade que os profissionais de saúde estão exaustos", afirmou, sublinhando que o mais "cruel de tudo isto" é que "mesmo sem a pandemia estaríamos assim".

A coordenadora do BE afirmou ainda que já se sabia que o SNS "estava muito frágil". E é por isso, recordou, que no OE para 2020, o BE negociou com o Governo, viabilizando mais investimento e mais contratações no SNS.

"E um dos maiores problemas que temos neste momento é que nem essas contratações, nem esse investimento aconteceram. Estavam no OE para 2020 e não foi feito", criticou, numa intervenção longa no debate desta quarta-feira. 

Fazendo um diagnóstico do estado do SNS, Catarina Martins disse que, ao mesmo tempo que profissionais de saúde estão a ir para a reforma, "as entradas não compensam as saídas, muito menos no momento em que é necessária mais gente, das mais variadas áreas da saúde, para responder à pandemia da Covid-19".

Significa isto também que setores em que o Estado não tem capacidade de resposta, como meios complementares e diagnóstico, são um dos que estão mais atrasados porque, como o Estado não fez o investimento para internalizar (...) ficou nas mãos dos privados e os privados, com a pandemia, fecharam e não quiseram saber da população portuguesa". 

Num recado à Direita, que acusa de não apresentar soluções, a coordenadora do Bloco insistiu que era preciso "contratar os profissionais que já estavam previstos no OE2020" e que são precisos mais médicos. 

Catarina Martins defendeu depois o fim de poderes excessivos da Ordem dos Médicos no controlo ao nível de profissionais jovens médicos a forma, assim como a existência de um melhor regime de dedicação plena no SNS.

"Não queremos contratos temporários. O SNS precisa de um saldo líquido de mais profissionais", advertiu.

Catarina Martins argumentou ainda que o BE defendeu, várias vezes, que o Estado de Emergência devia servir também para requisitar os serviços dos hospitais de das clínicas privadas para que não "fosse só SNS a ficar a Covid-19" e a "parar tudo o que estava programado". "Os privados gostam muito de receber o dinheiro do Estado quando é para o lucro, quando houve uma pandemia não foram chamados a nenhuma responsabilidade", acusou.

Na verdade, continuou a bloquista, "tivesse tido o Governo a coragem de fazer o que o BE propôs, obrigar os privados a responder também à Covid, e o SNS não tinha ficado com tantos tratamentos, exames e cirurgias à espera", atirou, pedindo "coragem" ao Governo para defender a população ao invés de proteger os negócios na saúde.  "É urgente ter pessoas e meios para o SNS", reforçou. 

Noutra matéria, Catarina Martins afirmou que a 30 de abril o Governo aprovou um decreto de lei em que diz que não vai compensar as PPP's rodoviárias pelo período de Estado de Emergência", mas, "na verdade vai prolongar os contratos para as compensar pelas perdas ao longo da pandemia", o que, para o BE, "não parece ter muito sentido". 

Na resposta, o primeiro-ministro afirmou que este ano "o Governo cumprirá a meta de, em dois anos, haver mais 8800 profissionais no SNS, apesar da circunstância da Covid-19".

[Notícia em atualização]

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