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Governos PSD não aplicaram social-democracia por "vicissitudes próprias"

O antigo Presidente da República Cavaco Silva afirmou hoje que os governos do PSD anteriores e posteriores aos seus não aplicaram o modelo social-democrata "por vicissitudes próprias" e "pelas circunstâncias que o país vivia".

Governos PSD não aplicaram social-democracia por "vicissitudes próprias"
Notícias ao Minuto

19:47 - 06/10/20 por Lusa

Política Cavaco Silva

Na apresentação do seu novo livro, 'Uma Experiência de Social-Democracia Moderna', que decorreu no jardim do Museu Nacional de Arte Antiga, Cavaco Silva considerou que os princípios da social-democracia são ainda mais atuais em tempos de pandemia, e desafiou os governos do presente a aplicá-los.

"Neste tempo de crise económica global, resultante da pandemia, é minha convicção que uma governação reformista orientada pelos valores da social-democracia moderna é aquela que melhor serve as populações", defendeu.

Para o antigo primeiro-ministro entre 1985 e 1995, "as características básicas da social-democracia moderna ganharam uma atualidade acrescida na presente situação de pandemia".

"Aplicá-las na prática é um desafio para os governos da atualidade", apelou.

Ao recordar o seu percurso político, Aníbal Cavaco Silva referiu-se, numa frase, aos outros governos liderados pela sua família política, o PSD, que, considerou, nunca conseguiram aplicar esse modelo social-democrata.

"Por vicissitudes próprias e circunstâncias que o pais vivia, os governos do PSD anteriores ao meu e os que se seguiram, não tiveram o tempo e a oportunidade de aplicar o modelo social-democrata, que, pela sua flexibilidade, considero ser o mais adequado às necessidades dos cidadãos", afirmou.

Na primeira fila da plateia, esteve o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, o último a liderar um Governo do PSD, em coligação com o CDS-PP, mas que não quis responder a questões.

"Fico muito contente que queiram falar, mas eu estou fora da conversa", disse apenas.

Numa intervenção de menos de 15 minutos, em que fez vários apelos para que os participantes cumprissem rigorosamente as regras sanitárias (nem assinou livros por essa razão), Cavaco Silva justificou a escolha da data da sua apresentação (duas vezes adiada devido à pandemia) por se cumprirem 35 anos sobre a sua primeira vitória em legislativas e 29 da conquista da segunda maioria absoluta.

"Este livro foi escrito pensando nos jovens da geração dos meus netos. Vivemos um tempo muito marcado pelo que se tem chamado a espuma dos dias, por um clima de campanha permanente de ilusões e de tensão política estéril, sem grande preocupação com a coerência entre princípios e ação", apontou.

O antigo líder do PSD prestou homenagem ao fundador do partido Francisco Sá Carneiro, que classificou de "político genial", e salientou que políticas que "muitos hoje pensam serem tema de anos recentes" - como a reabilitação urbana e a proteção do ambiente - já foram prioridades dos seus executivos.

"Ultimamente, a propósito da ambição de melhorar o nível de desenvolvimento do país, tem sido dito que o país precisa de atrair outra fábrica de automóveis como a Autoeuropa e de criar em Algés uma estrutura como a Expo-98", disse, salientando que tal mostra como esses dois projetos desenvolvidos pelos seus executivos foram estruturais para o país.

O ex-primeiro-ministro agradeceu a todos os que consigo colaboraram "no sonho de transformar Portugal num país mais justo e mais desenvolvido", e de forma especial ao seu antigo ministro Luís Marques Mendes, que apresentou o livro.

atual comentador político apresentou Cavaco Silva como "uma personalidade singular" que triunfou "sempre contracorrente".

"Goste-se ou não, é difícil encontrar um político em Portugal que fosse tão profissional como Cavaco Silva", referiu.

O antigo ministro dos Assuntos Parlamentares admitiu que, no período da sua governação, Cavaco Silva contou com muitos fundos europeus, mas considerou que "o dinheiro ajuda, mas não resolve problemas".

"O que faz diferença é a visão estratégica, a capacidade reformista de governar e sem taticismo. O que sucedeu não foi nenhum milagre português, foi tudo obra humana, com defeitos, com falhas", acrescentou.

Entre os presentes na primeira fila, além de Passos Coelho, estiveram a ex-líder do CDS-PP Assunção Cristas, a ex-presidente da Assembleia da República Assunção Esteves e o antigo ministro das Finanças Eduardo Catroga.

Em lugares de honra no palco, destaque para o antigo Presidente da República Ramalho Eanes e a antiga líder do PSD Manuela Ferreira Leite, entre outros.

Da atual direção do PSD, marcou presença o presidente do Conselho Estratégico Nacional do partido, Joaquim Miranda Sarmento.

O vice-presidente da Câmara de Cascais (que se candidatou à liderança do PSD em janeiro) Miguel Pinto Luz, o antigo secretário-geral do partido Matos Rosa, o antigo chefe da Casa Covil de Cavaco Silva Nunes Liberato, o antigo vice-presidente do PSD Manuel Castro Almeida (que saiu em rutura com a atual direção de Rui Rio) foram outros dos presentes.

Também na apresentação do livro de Cavaco Silva estiveram o ex-comissário europeu Carlos Moedas, o antigo governador de Macau Rocha Vieira ou o antigo secretário-geral da UGT João Proença, numa plateia com algumas dezenas de cadeiras, dispostas com distância e com todos os convidados de máscara.

[Notícia atualizada às 20h01]

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