O anúncio foi feito por André Ventura numa declaração política na Assembleia da República, em que acusou o Governo de ter falhado no combate à pandemia de covid-19 e de "começar a desgastar o sistema político".
"Porque falhámos todos", afirmou, é preciso olhar para um "Estado mais livre de impérios políticos, mais livre de clientelas políticas".
Um Estado, descreveu, que "não tenha medo de combater viavelmente e eficazmente a corrupção" e que reconheça: "Que há minorias que vivem à nossa custa e não toleraremos."
Que a revisão da revisão constitucional "seja o primeiro passo para a refundação do Estado", concluiu André Ventura na sua declaração política que não teve qualquer pergunta das restantes bancadas.
O Chega apresentou uma proposta de revisão constitucional em fevereiro, mas retirou-a um mês depois, em março, quando começou a pandemia de covid-19 e o parlamento reduziu a sua atividade.
Num discurso de seis minutos, André Ventura dedicou cinco a ataques ao Governo pela forma como responde à crise pandémica, criticou António Costa por ter "chamado cobardes aos médicos" e o ex-ministro das Finanças Mário Centeno, hoje governador do Banco de Portugal, "o mágico dos mágicos", por ter abandonado os portugueses.
"Deixou-nos sozinhos a caminhar para a maior crise de sempre", disse.
O deputado do Chega acusou ainda o executivo de ter "tanto medo de eleições como o gato tem da água" e os partidos de esquerda de terem "medo de ir a eleições".
Na ausência de Ferro Rodrigues, com quem admitiu ter divergências, Ventura afirmou que, se pudesse, dar-lhe "um abraço sentido" por o presidente do parlamento ter criticado, numa reunião entre epidemiologistas e políticos, no Porto, a falta de respostas nos lares.
"Tocou no ponto que deveria ser tocado", resumiu.
O projeto de revisão constitucional do Chega visa, entre outros objectivos, introduzir matérias como combate à grande criminalidade, reforma do sistema político, nomeadamente a redução do número de deputados e membros do Governo, a castração química de pedófilos ou a prisão perpétua.