"Racismo tem-se vindo a estabelecer como forma de atuação política"
Francisco Louçã comentou, no seu habitual espaço na SIC Notícias, o racismo em Portugal: "Para arruaceiros é preciso uma política consistente".
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Política Francisco Louçã
As ameaças da extrema-direita a dez personalidades, incluindo a três deputadas da Assembleia da República e ao dirigente da SOS Racismo, Mamadou Ba, e o combate ao racismo em Portugal foram temas debatidos no habitual comentário de Francisco Louçã, às sextas-feiras, na antena da SIC Notícias.
O fundador do Bloco de Esquerda começou por considerar que "tem havido um debate importante na sociedade portuguesa", destacando "que o racismo tem-se vindo a estabelecer como instrumento político, como forma de atuação política".
"Tem passado por uma ponte que vem da cultura colonial, que é a raiz do racismo na sociedade Europeia", advogou o comentador, acrescentando que "está a passar desse fundamento para uma forma de organização da partição do ódio na sociedade". E isso é que é o "problema mais grave para o futuro".
Questionado se há quem tenha contribuído para a normalização do discurso do ódio, Louçã apontou a "vitória de Trump" - que "mudou a política mundial" - e "impulsionou pelo mundo inteiro o ascenso de uma extrema-direita que procura construir a sua emoção, a sua capacidade de emoção gerando uma sociedade de medo, e isso em Portugal é o Chega".
A ascenção deste, que "não é um grande partido, está ainda, apesar da sua gabarolice, em algumas sondagens abaixo do PCP", o que "muito incomoda os dirigentes do Chega".
Contudo, prossegue, "há um ascenso da extrema-direita no mundo inteiro e ela é mais perigosa agora. E é perigosa em Portugal". Louçã apontou razões: "Há 30 anos, os grupos de extrema-direita eram mais organizados, mais violentos e com mais capacidade criminal do que os que existem agora em Portugal. Só que, daqui a três meses, isto pode não ser verdade".
Há agora também "uma base política" em Portugal "que é a primeira vez que existe". E também as relações internacionais, sendo que "não é por acaso que André Ventura procura Bolsonaro, ou Trump, ou o Vox".
"O mais importante" de tudo é, frisou, "a forma como esta cultura entra nos grandes partidos tradicionais", usando como um dos exemplos a "facilidade" de passagem de pessoas do CDS para o Chega e o "debate no PSD em agosto foi saber quem é que é mais favorável a uma futura negociação com o Chega".
"É preciso manter em perspetiva o combate a estas culturas e isso significa perceber que a questão social é a chave do futuro de Portugal. O desemprego é muito mais importante do que uma ou outra ameaça grave que seja feita por parte da extrema-direita. Conseguir criar uma sociedade de segurança e de tranquilidade e de respeito pelas pessoas é a única forma de evitar a decadência da vida política", advogou.
Louçã afirmou ainda que a justiça "pode atuar" em alguns tipos de ameaças e referiu que, "neste momento, muitas das pessoas que participaram na manifestação das tochas - em frente à SOS Racismo - já estão identificadas".
"Para arruaceiros é preciso uma política consistente", concluiu.
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