Meteorologia

  • 18 ABRIL 2024
Tempo
19º
MIN 16º MÁX 26º

"Costa está muito pressionado para conseguir o acordo" na UE

Francisco Louçã considera ser difícil antecipar o que vai resultar do Conselho Europeu e releva o poder de veto dos 27 quanto à resposta à crise pandémica. "É preciso um acordo entre todos".

"Costa está muito pressionado para conseguir o acordo" na UE
Notícias ao Minuto

23:58 - 17/07/20 por Notícias Ao Minuto

Política Francisco Louçã

Frisando ser "muito difícil" saber o desfecho da reunião dos 27 Estados-membros em Bruxelas, Francisco Louçã apontou a "força de Merkel" como uma condição política favorável ao acordo. A chanceler alemã  "está a um ano de eleições, 15.º ano de mandato, e se teve uma queda de popularidade em 2015 quando abriu as portas à entrada de refugiados, hoje está no pico da sua força eleitoral", destacou no seu habitual espaço de comentário na SIC. 

A condição desfavorável, porém, "é que Merkel com Macron foram derrotados duas vezes em duas questões decisivas". Uma deles, lembrou o economista, foi a escolha do presidente da Comissão Europeia e a outra a escolha do Eurogrupo.

Agora, contudo, "não se trata de uma votação, cada país tem muito mais poder, não é poder de voto, é um poder de veto", destacou, frisando que "é preciso um acordo entre todos".

As dificuldades em chegar a um acordo poderiam vir de Orbán, dado que a Hungria tem sido pressionada "para que haja o cumprimento das regras essenciais da democracia". Sobre a visita do primeiro-ministro português a Orbán, Louçã considerou uma "imprudência surpreendente" António Costa ter sugerido que "o problema das condições políticas já não existiria". 

No entender do antigo dirigente do Bloco, António Costa teceu essas considerações por se encontrar "muito pressionado", tal como Itália e Espanha, para "conseguir um acordo", tendo em conta "a dimensão catastrófica dos efeitos sociais e económicos que se vão arrastar ao longo do tempo onde houve mais incidência de pandemia".

O primeiro-ministro "sabe que vem uma vaga de desemprego, procura que haja uma resposta tão breve quanto possível e tentou aplainar algumas dificuldades como aquela que poderia ser suscitada por um veto de Orbán", observou Louçã, considerando, no entanto, que "a questão estava mais ou menos resolvida na UE", embora com "cinismo absoluto". Ou seja, "a UE finge que impõe condições políticas a Orbán mas essas condições são impraticáveis, não conseguem ser mobilizadas. Orbán sabe que é um fingimento, protesta, mas, na verdade, sabe que não acontece rigorosamente nada", analisou. 

Em suma, na ótica de Louçã, a pressão de António Costa para tentar encontrar uma solução "levou-o a querer manifestar alguma simpatia pela posição da Hungria e a meter-se numa grande alhada em Portugal", tentando depois "justificar-se". 

Todavia, a maior resistência a um acordo a UE não vem da Hungria. "Por razões económicas, vem da Holanda e de outros dois países: Suécia e Dinamarca", defendeu Louçã, explicando que, embora a solução apresentada seja de um montante presumivelmente de metade do que seria necessário, é "significativo": 750 mil milhões, dos quais 500 mil milhões em subsídios, sendo que a dívida será contraída, de forma inédita, pela Comissão Europeia.

Os líderes da União Europeia retomaram esta noite de sexta-feira os trabalhos formais do Conselho Europeu que decorre em Bruxelas, em busca de um acordo sobre o plano de relançamento europeu, após uma interrupção para contactos bilaterais.

O presidente do Conselho manteve designadamente encontros bilaterais com os primeiros-ministros holandês, Mark Rutte, e húngaro, Viktor Orbán, para tentar superar aqueles que constituem os principais obstáculos a um compromisso entre os 27 em torno das propostas de um Fundo de Resolução e do Quadro Financeiro Plurianual para os próximos sete anos.

Fontes europeias indicaram que, nesta fase das negociações, as duas questões que se afiguram mais complicadas de ultrapassar são a exigência da Holanda quanto a um direito de veto à decisão de desembolsos dos apoios aos Estados-membros - rejeitada pelos restantes 26 -, assim como a condicionalidade das ajudas ao respeito pelo Estado de direito, que tem a oposição de Hungria e Polónia, dois países que têm abertos contra si procedimentos por supostas violações nesta matéria.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório