Governo está a "demarcar-se" da política dos últimos cinco anos
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou hoje que o Governo PS está a "demarcar-se das políticas dos últimos cinco anos", reagindo assim às declarações recentes do secretário-geral do PS, António Costa.
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Política Jerónimo de Sousa
"Quem se está a demarcar da política realizada nos últimos cinco anos é o Governo", afirmou Jerónimo de Sousa, durante uma visita a uma cultura de trigo no Cadaval, no distrito de Lisboa.
Para o secretário-geral do PCP, nos últimos cinco anos, os partidos da 'geringonça' "conseguiram a reposição de rendimentos, de salários, de direitos e essa valorização permitiu o crescimento".
"Hoje temos uma situação diferente, com um Orçamento Suplementar, que reconhece a possibilidade de corte de salários, em que um trabalhador pode perder três salários durante doze meses, em que não se proíbe os despedimentos nesta fase difícil para muitos portugueses, e em que há falta de resposta crucial a muitos micro, pequenos e médios empresários", diferenciou o comunista.
No sábado, o secretário-geral do PS, António Costa, declarou que vai manter o rumo político e que não haverá "bloco central" PS/PSD, frisando que recusa aceitar que a esquerda seja incapaz de se entender sobre uma visão comum para o país.
António Costa deixou esta série de recados sobretudo dirigidos ao Bloco de Esquerda e ao PCP na intervenção que proferiu perante a Comissão Nacional do PS, em que se referiu principalmente à forma como se desenrolaram as negociações políticas da proposta do Governo de Orçamento Suplementar para 2020, aprovada na sexta-feira em votação final global.
Uma proposta que teve o apoio dos socialistas, abstenções do PSD, Bloco de Esquerda e PAN e a oposição do PCP, PEV, Iniciativa Liberal e Chega.
Sem se referir diretamente ao voto contra dos comunistas, assim como a movimentações táticas, principalmente entre comunistas e Bloco de Esquerda, no atual quadro parlamentar, o secretário-geral do PS falou então em jogos perigosos em termos de consequências políticas.
"Cada um é livre de seguir o caminho que entende. Mas não pode acontecer que cada um ache que o outro vai agir de uma forma, com isso condicionar o seu próprio comportamento e, depois, enganando-se na forma como o outro está a agir, acaba por conduzir a uma situação que ninguém deseja", advertiu.
Sobre a realização de debates quinzenais do Parlamento, Jerónimo de Sousa explicou que o partido não tem uma "posição fechada", admitindo, contudo, que "é um debate onde o governo se confronta com as diversas forças políticas, o que é saudável em democracia e permite colocar questões e interesse nacional".
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