Em declarações à Lusa, a propósito do debate "O papel dos municípios na descarbonização", em que participa hoje no âmbito da 15.ª Semana Europeia da Energia Sustentável, João Galamba afirmou que os projetos de comunidades e autoconsumo coletivo permitem aos municípios "responder a um conjunto de problemas", que vão desde a área dos transportes à habitação social.

"Cabe aos municípios, juntas de freguesia e agregação de municípios olharem para o seu território e verem o que podem aproveitar em termos de produção de eletricidade", referiu, acrescentando que há já vários municípios no país com projetos de investimento na produção de eletricidade.

"Há vários municípios portugueses com projetos desses de investir na produção local de eletricidade, em grande medida através de painéis fotovoltaicos para, depois, instalar carregadores para os autocarros elétricos da sua frota de transportes públicos, alimentar edifícios da câmara e alimentar habitações sociais a um custo muito reduzido porque a eletricidade é produzida localmente e pelos próprios", referiu.

Além destes projetos, o secretário de Estado da Energia defendeu que a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), que prevê investimentos de 7.000 milhões de euros, permitirá também aos municípios desenvolverem as "suas políticas de descarbonização".

"Essa legislação do autoconsumo e das comunidades, mais a estratégia de hidrogénio, são ótimos instrumentos para que cada município possa desenvolver as suas políticas de descarbonização e poderem investir na transformação energética para o poder local", referiu.

O debate, promovido pela empresa municipal Gaiurb, visa partilhar as práticas e projetos de energias limpas e abordar temas como a "Reabilitação Energética de Edifícios", as "Comunidades de Energia" e "Ações e projetos municipais em Gaia".

Também em declarações à Lusa, o presidente do Conselho de Administração da Gaiurb, afirmou que o debate surge num "momento mais que oportuno", isto porque a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia está a iniciar a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM).

"Portanto, é um momento em que refletimos sobre a cidade que pretendemos e que queremos deixar como legado para o futuro", referiu António Castro, acrescentando que os municípios são "um pilar fundamental" para a definição da estratégia de economia descarbonizada.

"Deixámos de ter aqui um papel de intervenção minimalista, que começou com a substituição dos LED, e começámos a pensar nisto de uma forma mais estratégica", considerou.

À Lusa, António Castro referiu que uma das grandes preocupações da empresa municipal tem sido melhorar a qualidade de vida dos munícipes e, consequentemente, o conforto térmico do seu parque habitacional, composto por 3.300 habitações sociais.

Paralelamente, o responsável adiantou que a Gaiurb prevê "começar a lançar as comunidades de energia" e com o posto de hidrogénio, que está "num estado muito adiantado do procedimento de conceção e concessão".

Além de João Galamba e de António Castro, o debate sobre o papel dos municípios na descarbonização conta com a participação da ADENE -- Agência para a Energia, de Gilberto Mariz, da Direção-Geral de Energia e Geologia e Carla Pires da Divisão de Serviços e Inovação da Gaiurb.

Organizada pela Comissão Europeia, a 15.ª Semana Europeia da Energia Sustentável assenta no tema  "Para além da crise: energia limpa e para o crescimento e a transição verde".

Leia Também: Refinaria de lítio será "onde empresa quiser". "Expectável" no Norte