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PCP não acompanha PS se socialistas escolherem "política de retrocesso"

O secretário-geral do PCP avisou hoje que, caso o PS decida enveredar por uma "política de retrocesso", não contará com o apoio dos comunistas no orçamento suplementar que será apresentado em junho, nem no Orçamento do Estado para 2021.

PCP não acompanha PS se socialistas escolherem "política de retrocesso"
Notícias ao Minuto

12:15 - 23/05/20 por Lusa

Política Jerónimo de Sousa

"Consideramos que essa não é a questão agora - a demissão do Governo -, mas se o Governo do PS enveredar por essa política de retrocesso, que se manifestou nos PEC [Pacto de Estabilidade e Crescimento] e no pacto de agressão, nós não acompanharemos o Partido Socialista. Por uma questão de coerência. Aliás, se há coisa que o PS tem como garantia, e já o afirmou, é de que da parte do PCP sempre houve grande coerência", afirmou Jerónimo de Sousa em entrevista ao Diário de Notícias.

"Olhamos para o documento, estudamo-lo, refletimos e dizemos se estamos de acordo ou se estamos em desacordo. E nunca por nunca nós abdicamos da palavra dada. E é essa a nossa disposição em relação ao orçamento suplementar e em relação ao Orçamento do Estado para 2021, que vamos começar a apreciar em junho ou julho", assinalou.

O líder do PSP garantiu também que o partido estará "sempre do lado que for positivo, construtivo, numa posição de proposta, de acrescento", e não abdicará do "posicionamento crítico na defesa de quem trabalha ou trabalhou".

"Está nas mãos do Partido Socialista impedir que o Governo caia", salientou.

Na entrevista, publicada hoje, o secretário-geral do PCP voltou a insurgir-se contra a austeridade como forma de mitigar a crise económica decorrente da pandemia de covid-19, afirmando que "o que estes quatro anos demonstraram é que quanto mais valorizados forem os trabalhadores, o seu trabalho, os seus direitos, melhor" para a economia nacional.

"A vida provou-o, não sou eu que estou a inventar", reforçou.

Apesar de assinalar que "o PCP reage sempre em função dos conteúdos e documentos concretos", Jerónimo salientou que, "no que for bom para o povo, para os trabalhadores, pode o PS estar convicto de que pode contar com o PCP".

"Naquilo que acharmos que é negativo, seja no plano nacional, seja no plano da UE [União Europeia], nós não acompanharemos", garantiu.

Em relação ao confinamento imposto pela pandemia de covid-19, e ao dever de recolhimento dos idosos por serem um grupo de risco, Jerónimo considerou que "se estabeleceu uma pressão tremenda e inaceitável, com base na certidão de nascimento" e defendeu que "não pode haver um critério, uma imposição sobre os mais velhos, com consequências que ainda estão por avaliar".

A nível geral, o comunista entende que "havia medidas sanitárias que era preciso, de facto, pôr em prática, mas muitas vezes as recomendações transformaram-se em imposições sem nenhuma base legal e isso tem reflexos na atividade política, que chegou ao ponto de ser olhada de mau modo".

Questionado se houve abusos na limitação de alguns direitos, liberdades e garantias durante o estado de emergência, Jerónimo de Sousa respondeu afirmativamente, e salientou que essa situação afetou particularmente os trabalhadores, apontando que "o estado de emergência serviu, não para salvaguardar a saúde dos portugueses, mas para transformar a dificuldade numa oportunidade para muitos".

Por isso, defendeu que o 'lay-off' simplificado "não pode ser um processo que continue meses sem fim", justificando que "uma situação excecional não pode transformar-se num ato banal".

Ao Diário de Notícias, Jerónimo de Sousa falou também sobre a sua sucessão, e insistiu que "a questão do secretário-geral não vai ser, de facto, um problema do XXI Congresso, porque neste partido não há candidatos a coisa nenhuma e, depois, porque na opção que se escolher, seja daqui a uns meses seja daqui a uns anos, sempre prevalece a ideia de saber o que melhor serve o partido".

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