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"António Costa está a rivalizar com o estilo de Marcelo Rebelo de Sousa"

Luís Marques Mendes dá nota positiva à postura que o primeiro-ministro tem adotado perante a pandemia da Covid-19, mas deixa dois apontamentos negativos.

"António Costa está a rivalizar com o estilo de Marcelo Rebelo de Sousa"
Notícias ao Minuto

22:00 - 12/04/20 por Notícias Ao Minuto

Política Luís Marques Mendes

Luís Marques Mendes elogiou, este domingo, no seu espaço comentário político semanal, no Jornal da Noite da SIC, a postura de António Costa no combate à pandemia da Covid-19 e a entrevista do primeiro-ministro à Lusa.

"Globalmente achei uma boa entrevista porque abordou muitos temas, foi muito completa, quer do ponto de vista da política interna quer do ponto de vista da economia europeia", começou por dizer, para logo a seguir salientar que o Chefe do Governo está a viver um "frenesim mediático".

"Acho que António Costa está muito diferente nestas últimas semanas. Está com um enorme protagonismo a nível mediático, ele não era assim, as circunstâncias assim o exigem, mas nunca vimos António Costa com um frenesim mediático como nos últimos tempos", realçou o social-democrata, lembrando que o primeiro-ministro "foi ao programa da Cristina Ferreira, foi ao programa do Manuel Luís Goucha, são entrevistas e conferências de imprensa todas as semanas".

Um protagonismo que, de acordo com o antigo ministro dos Assuntos Parlamentares, é semelhante ao do atual Presidente da República.

"Julgo que ele está a copiar e a aproximar-se do estilo presidencial, a rivalizar com o estilo de Marcelo Rebelo de Sousa e acho que isso é compreensível", apontou o comentador.

E para esse "protagonismo" repentino, Marques Mendes enumera três razões: "Por um lado, António Costa está a tentar exorcizar o mau desempenho que teve nos incêndios de 2017. Nessa altura não esteve bem e agora está a tentar recuperar essa imagem e a verdade é que tem estado muito melhor. Em segundo lugar, está a tentar ultrapassar aquela entrada, que não foi brilhante, que não foi fantástica, dos primeiros meses deste seu segundo Governo e está assim a conseguir adiar as dificuldades que teve nessa altura. E, por outro lado, está a acumular popularidade para ter um excedente no futuro porque esta crise, se for bem gerida, coloca os líderes todos, em termos de sondagem, em alta. O problema é depois, quando vier a crise económica. Por isso António Costa está a acumular a popularidade para depois desfrutar mais tarde".

Apesar da nota positiva, o comentador político deixou dois apontamentos negativos ao primeiro-ministro.

A primeira crítica prende-se com o facto de António Costa ter-se mostrado, numa primeira fase, contra o Estado de Emergência e, agora, ser a favor do mesmo.

"Toda a gente sabe que, há umas semanas atrás, António Costa torcia o nariz ao Estado de Emergência. Achava que ele não era necessário ou que não era necessário tão cedo. Agora, de repente, parece que passou para o extremo oposto porque, notícias vindas no Público de há dois dias, insinuam que o primeiro-ministro queria que o Estado de Emergência fosse até meio de maio. E não foram desmentidas. As pessoas podem legitimamente mudar de opinião, mas convém, primeiro que tudo, ver a amplitude da mudança, porque a dada altura não é muito credível", sublinhou Marques Mendes.

Já a segunda nota negativa atribuída pelo Conselheiro de Estado a António Costa, prende-se com as críticas que o primeiro-ministro fez ao à Holanda.

"António Costa faz uma crítica muito dura à Holanda. Em primeiro lugar, devo dizer que ele tem toda a razão nas críticas que faz, mas tenho dúvidas numa coisa. António Costa é primeiro-ministro, não é um comentador. Um comentador pode dizer aquelas coisas todas, mas um primeiro-ministro tenho dúvidas, sobretudo em público. Se António Costa  disser aquilo à mesa do Conselho Europeu, cara-a-cara com o primeiro-ministro da Holanda, acho que isso é capaz de ser positivo, fomenta um debate que é necessário sobre o futuro da União Europeia (UE). Agora, dizê-lo em público, receio que tenha mais desvantagens que vantagens, porque pode acentuar radicalismos e anticorpos e não propriamente resolver um problema, sobretudo numa altura em que ele está em vésperas de, daqui a uns meses, exercer a presidência portuguesa da UE que exige, evidentemente, uma grande capacidade de diálogo com todos", concluiu Marques Mendes.

Recorde-se que, António Costa deixou duras palavras aos Países Baixos, este sábado, em entrevista à Lusa, onde disse que "mais do que uma questão económica ou financeira, é uma questão política que está colocada", por isso, "temos de saber se podemos seguir a 27 na União Europeia, a 19 [na zona euro], ou se há alguém que queira ficar de fora". E sem deixar margens para dúvidas disse ainda: Naturalmente, estou a referir-me à Holanda".

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