"À semelhança daquilo que tem sido feito, e muito bem, pelo nosso país, não podemos desistir de tornar claro que aquilo que está em causa na política de coesão não é apenas mais uma política ou um instrumento. Estamos a falar do núcleo essencial do projeto europeu: a coesão económica, territorial, social", considerou Vasco Cordeiro, em Bruxelas.
O governante falava aos jornalistas pouco depois de ter sido eleito primeiro vice-presidente do Comité das Regiões, num acordo entre as famílias políticas europeias que o levará a presidir à entidade.
A política de coesão constitui a principal política de investimento da União Europeia (UE) e proporciona benefícios a todas as regiões e cidades da UE com apoios ao crescimento económico, criação de emprego, competitividade das empresas, desenvolvimento sustentável e proteção do ambiente.
Para Vasco Cordeiro, o "tempo é de luta" por uma proposta de fundos comunitários positiva: "Uma proposta que ponha em causa a política de coesão não é aceitável", prosseguiu o governante, elogiando o papel do Governo português sobre esta matéria.
"Utilizando uma expressão muito nossa, até ao lavar dos cestos é vindima", concretizou, numa referência às negociações para o quadro comunitário de apoio.
Na terça-feira, os grupos com assento no Comité das Regiões haviam chegado a acordo para o novo mandato da entidade, cabendo os dois anos e meio iniciais de presidência ao grego Apostolos Tzitzikostas (PPE) e a segunda metade a Vasco Cordeiro (PSE), que até lá será o primeiro vice-presidente da entidade.
Hoje, na intervenção em que apresentou a sua candidatura, Vasco Cordeiro sinalizou as "grandes oportunidades" que a UE tem pela frente, acrescentando que, nesse desígnio, "todas as regiões e cidades interessam".
"Estamos a iniciar um novo mandato. E é por isso que subo a esta tribuna não apenas em nome da minha região, os Açores, mas também em nome do futuro. Subo a esta tribuna em nome da Europa, subo a esta tribuna em nome do futuro da Europa", disse.
Numa intervenção em que cruzou três línguas - português, inglês e francês -, o governante açoriano prometeu aos presentes que irá ter uma "escuta atenta" e "toda a dedicação" no "trabalhar com todos", desde logo com o presidente do Comité das Regiões, mas também com os membros de "todas as famílias políticas" representadas.
O comité, criado em 1994 na sequência da assinatura do Tratado de Maastricht, é a assembleia da UE dos representantes regionais e locais dos 27 Estados-membros.
A Comissão Europeia, o Conselho Europeu e o Parlamento Europeu têm de consultar o Comité das Regiões quando elaboram textos legislativos sobre matérias em que as autoridades regionais e locais têm uma palavra a dizer.
Em causa estão áreas como emprego, política social, coesão económica, transportes, energia ou mudanças climáticas.